JULINHO, O PONTA DIREITA.
Nem todo azul tem a suavidade do mar ou o esplendor do céu. Quem uma vez me atentou para este fato, não foi vovó Adelina. Foi desta feita, seu filho, o meu pai. Talvez tenha escutado dela em alguma oportunidade. Pois bem, o que vovó Adelina sempre apregoava era: “Diz-me com quem andas e eu te direi que és”. Ela sempre me disse isto e eu nem sempre a ouvi.
Quando erA garoto, meus pais moravam em Ipanema, numa rua que se chamava Saint Roman. Ela terminava numa bifurcação. Para a esquerda ia a Antônio Parreiras. Para a direita subia-se a ladeira da Saint Roman, que passava pela sede do Pasquim mas no final ia dar mesmo no Morro do Pavãozinho.
Evidentemente que os morros de hoje não são mais os morros de antigamente. Outrossim eu ainda jovem peguei a mudança estrutural dos mesmos. Os batedores de carteira se transformaram em agentes do narco-tráfego e o numero de gente trabalhado e honesta nos mesmos, diminuiu consideravelmente. As favelas se transformaram em verdadeiras cidades e os protetorados foram assumidos por gente da pior espécie.
Eu jogava bola com a turma do Pavãozinho na praia. Ali na altura do castelinho. E voltava andando com eles para a Saint Roman. Subia para meu edifício e eles para o morro. Comigo vinham também dois outros moradores de edifícios, o Nadinho e o Salomão, que acabaram como médicos.
E minha vó, quando nos visitava e sacava com quem eu estava andando, me prevenia com aquela frase que escrevi acima. Confesso que na época a achei elitista. Pois bem, a única coisa boa que aconteceu deste relacionamento foi que um dia uns quatro marginais pegaram a minha irmã tarde da noite, quando ela voltava de uma festa e iam assaltá-la e Deus sabe o que mais o que poderiam fazer. Sua sorte é que um deles o Julinho, a reconheceu e ordenou: logo para os comparsas: “Deixa ela ir que ela é Irma do Renato”. Não me restou outra alternativa do que agradecer ao meu ponta direita, o Julinho, sábado a tarde na pelada da praia.
Foi aí que saquei que para muitos, eu poderia ser confundido com o Julinho e a sua turma. Diminuí a assiduidade as peladas, e tanto eu como o nadinho, fomos jogar no Posto seis de Copacabana, em um time chamado La vai Bola.
Um dia, lendo o jornal, descobri que o Julinho e mais dois comparsas haviam sido mortos em um tiroteio com a policia, em um bar de esquina, na outra descida do morro do Pavãozinho, lá na rua Sá Ferreira. Sua ficha foi publicada e pela primeira vez, por mim, realmente assimilada.
Reprovo violentamente a política internacional norte-americana, principalmente aquela inerente aos republicanos, que julgam todos os outros povos que não lêem por sua cartilha, são considerados inimigos e se houver petróleo em seu solo, aplicam a política intervencionista. Tomam primeiro e discutem depois, alegando razões de segurança para o planeta.
Temo quando nosso presidente tenta manter um relacionamento bem mais afetuoso com Cuba, Bolívia, Iran e Venezuela. Hoje governos que não parecem gozar do beneplácito dos Estados unidos, bem como, com o resto da humanidade. O que se espera com isto? Que o Iran aplique aqui uma lei que proíba as mulheres de se vestirem segundo os dogmas religiosos locais? Que a Bolívia devolva um pouquinho do sério investimento que o povo brasileiro com seus impostos fez para extração de gás natural? Que Fidel mande mais vacinas e Chávez, não sei bem o que?
Se você apóia estes caras e faz carinhos e odes sobre suas personalidades, você passa a ser visto como um deles. Não como uma cara que está tentando se dar bem com todos os povos. Nós, em momento algum, do século passado para cá, criamos encrencas contra qualquer outro povo. Mesmo Getulio Vargas que esteve entre a cruz - Oswaldo Aranha (a favor dos aliados) - e a espada – Dutra (a favor do eixo), durante a segunda guerra mundial, soube usar a diplomacia para se manter neutro, até que apareceu uma usina de aço babando de boa a sua frente.
Logo, antes que algum aventureiro venha com aquela de sempre: “Nunca na história deste pais...” diria que o Brasil sempre demonstrou uma atitude conciliadora e uma independência de partidarismos internacionais, mesmo na época da ditadura, onde apenas os comunistas apareciam na lista dos não aceitos.
Macaco que mexe com leão, acaba sendo traído de alguma forma. O amigo pode ser um bom ponta direita, mas quando a policia chega e você está ao lado dele, a bala não vai o preservar, pelo simples fato, que você tinha em comum com ele, era apenas a pelada.
SE A GENTE SE MANTER NA ESTREMA ESQUERDA
DE UM ATAQUE POUCO CONVENCIONAL
COMO O APRESENTADO NA FOTO MONTAGEM,
PENSO QUE NÃO CHEGAREMOS A CLASSIFICAR A COPA ALGUMA.