quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

PORQUE AS PESSOAS MORREM NO RIO DE JANEIRO

Em novembro de 2007, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou o momentaneamente pacificado conjunto de favelas, graças a um forte esquema de segurança e à tolerância do Comando Vermelho. Foi inaugurar, ao lado do governador Sérgio Cabral, obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em sua primeira visita a um morro no Rio - o do Pavãozinho (foto de abertura) -  após a reeleição. Na ocasião, prometeu dar títulos de cessão real de uso aos moradores para evitar que prefeitos ou governadores os tirem do lugar onde moram, embora o surgimento da região tenha sido realizado com a destruição da Mata Atlântica, crime federal inafiançável.

Não acredito que exista crime afiançável ou inafiançável, no parecer de nosso ex-presidente, quando a idéia é cativar o eleitor e assim eternizar a posição do PT no poder. Sorte do mundo que a Amazônia tem uma fraca densidade demográfica, pois, se ao contrario fosse já teria sido definitivamente devastada, para que o “homi”, pudesse ganhar votos. Tudo em nome da manutenção do poder. Este infelizmente é o quadro do Brasil do PT, e a triste caricatura em que se tornou o Rio de Janeiro, base aliada dos desmandos dos petralhas. Com a primeira chuva, os sonhos se tornam tristes realidades. Vide o acontecido esta semana no Estado.

Vivi em lugares aprazíveis. Vilas dentro ou a margem, de grandes concentrações urbanas. Nada melhor do que morar em um núcleo acolhedor e ter acesso a todas as benesses que os grandes centros populacionais podem lhe trazer. O Chelsea em Londres, o Village-Soho em New York, a aprazível Georgetown em Washington, Santa Mônica em Los Angeles, a Recoleta em Buenos Aires, La Ville de Chantilly nos arredores de Paris, e Ipanema no Rio de Janeiro.

Sim, Ipanema já foi uma vila, assim como o Leblon, antes de se transformarem em novas Copacabanas. 


Nasci em uma clinica em Botafogo e com três anos de idade, fui movido de Copacabana para Ipanema. O processo de verticalização de Copacabana, fez com que muitos, como meu pai, procurassem algo com menor densidade populacional, para criarem seus filhos. Ipanema, naquela época tinha um controle habitacional. Edifícios de 4 andares na Vieira Souto e muitas casas entre esta avenida e o chamado morro do Pavãozinho e a Lagoa Rodrigo de Freitas.

A principio, segundo meu pai, Ipanema era um grande areião, que a partir de 1916 com o inicio das obras que um dia tornariam possível o aparecimento do corte do Cantagalo – que uniria definitivamente Copacabana e a lagoa Rodrigo de Freitas em seus 8 quilômetros de entorno – e com esta obra surge em 1920 a favela da catacumba, a primeira de grande porte instalada na privilegiada zona sul. Ela era uma cidade, que foi erradicada em 1970 pelo então governador, o jornalista Carlos Lacerda, que ao contrario de Lula, com esta sua tomada de posição que salvou uma das regiões mais nobres do Rio de Janeiro, nunca mais ganhou nenhuma eleição no restante de sua vida política.

Carlos Lacerda era da UDN, talvez um dos mais retrógrados movimentos políticos que tivemos o ensejo de presenciar em nossa história, outrossim em quatro anos de governo, deixou quatro presentes para nós cariocas: 1. A erradicação da favela da catacumba e da Praia do pinto, 2. O aterro do Flamengo, 3. As obras do Guandu, e 4. O túnel Rebouças. Sem estas quatro providencias tomadas de posição, creio que o Rio de Janeiro hoje estaria em situação idêntica a de Nova Delhi. Ou pior...

Junto com o aparecimento da favela da Catacumba, foram iniciadas as obras de saneamento na lagoa Rodrigo de Freitas, que basicamente eram constituídas de dois focos a serem levados a efeito: a abertura da Avenida Epitácio pessoa e a construção de dois canais de comunicação com o mar. Anos depois, em 1938 foi concretizada a obra de implantação do chamado Corte do Cantagalo, iniciadas em 1916 e com isto Ipanema e Leblon, passaram a ter um mais fácil acesso. Lembro-me de meus tempos de arquiteto e planejador urbano a serviço de uma firma que trabalhava para o Metro, as coordenadas desta área: 22°58'37"S   43°11'45"W. Mas em seu início, tudo foi levado a efeito sobre a gestão do médico e professor Henrique de Toledo Dodsworth Filho, na época prefeito do distrito federal.

Sim, para os mais novos, é sempre bom lembrar que o Rio de Janeiro já foi distrito federal, assim como um dia sede da cultura brasileira, pois para o bairro aprazível e então de baixo custo financeiro foram atraídos os três Ps estabilizadores de uma nova comunidade: Prostitutas, Poetas e Pintores. Até isto nos foi roubado, com a entrada e o domínio de um quarto e quinto poderes, igualmente iniciados com a letra P; políticos e populacho.

O Rio, em sua zona mais privilegiada se desenvolver qual uma serpente, espremido que era entre os morros e sua faixa litorânea. Um dado que anima é o fato de 69,7% de nossas encostas em áreas acima de 100m do nível do mar – o equivalente a 11,7 milhões de metros quadrados) estão habitados por populações de media e alta renda. Os restantes 30% pelas populações de baixa renda, porém com um alto índice demográfico de 73,5%.

São ao todo 20 favelas, o Vidigal, a Rocinha – que ao tempo do Cantagalo era ínfima e hoje é maior do que Pindamonhangaba -, a chácara do céu, o morro do Juramento, o morro do Dendê e os complexos do Borel, Alemão e Cantagalo-Pavão-Pavãozinho e onde naturalmente se concentram os maiores índices de criminalidade do estado. Todos com vistas estupendas, com alto indice de perderem tudo, inclusive suas próprias vidas à primeira chuva, e com o ônus de terem cometido crimes ambientais inafiançáveis para o futuro da humanidade. Outrossim, crimes e abusos  estes, que não vistos desta forma, tanto para para o PT e muito menos para o PMDB, naturalmente...