Sempre entendi que são nos mais intrincados conflitos mundiais, que as grandes invenções afloram da terra. Da mesma forma que a situação faz o ladrão, a necessidade gera Prêmios Nobels. Creio que somente nas avassaladoras crises financeiras, culturais e políticas, que aquilo que normalmente não é exigido, passa a se tornar necessidade premente e dai surgem as grandes invenções, as mais límpidas soluções, o alvorecer do óbvio. Esta é a forma que o ser humano, agindo qual uma sociedade, procura o ressarcimento de débitos próprios. Resumindo: a ocasião não só faz o ladrão como também o Premio Nobel.
Pode-se escapar de tudo. Temos mecanismos para tal. Menos da sua própria consciência. Bloqueá-la de uma forma total, só os loucos e os autistas – e por que não dizer alguns dignatários brasileiros - o conseguem. Temos um compromisso com nós mesmos e o travesseiro é nosso mais implacável confessor.
Num pais de tanta insensatez como o Brasil, sempre apresentado e absorvido por aquela ótica de irrealidade do poder, emanada do planalto, onde os outros são sempre os causadores de nossos infortúnios, temos que conviver com aquilo que banaliza nosso dia a dia: a miséria, a disparidade entre as classes sociais, o excesso de violência, a total impunidade dos culpados. Outrora nos chocava ouvir falar de um crime, de gente mendigando nas ruas, de libertinagens governamentais. pasmem, hoje mais não. A violência e a miséria fazem parte de nosso cotidiano. Nos acostumamos a ambos. Dela criam-se textos, vendem-se jornais, angariam-se votos. E de quem é a culpa? DELES. Seres invisíveis, forças ocultas, oposição desmesurada. ELES!
Nos tempos em que era criança, nossos pais iludiam-se achando que seu sofrimento interior, sua escandalização pessoal, amenizavam e minorizavam o horror que os cercava. Hoje evoluímos e passamos ao estágio da demência. O que não sabemos não nos atinge. O que ignoramos, perde a sua importância. Afinal é problemas dELES. De certa forma a perda das ilusões e o afastamento das lutas interiores nos alivia. Nos faz focarmos em nossas necessidades. Nossos problemas. Não de uma coletividade. Que é problema criado por ELES.
O governo populista explora a fome. Afinal esta necessidade humana auto regula o mercado dos necessitados. Estabiliza e canaliza o excesso de outras carências afetivas e sociais. Mas a melhoria de condições sociais, de melhor nível de educação, saneamento e segurança, abrem a terrível possibilidade de um pensamento próprio que pode ser fatal no resultado das urnas futuras. A cultura e a educação custam muito, tanto tempo quanto dinheiro. mas quando chega acende a luz. o livra da escuridão. É perigosa, pois, dá passos próprios a aqueles que normalmente são conduzidos. Então o governo parte para o paliativo, nunca com a solução definitiva e de longo prazo. Eximi-se de prover as classes mais afetadas pelas diferenças sociais, de se utilizar varas de pescar e de prove-los de ajudar botes. Não é necessário pescar. para que? A sardinha é trazida para a mesa em forma de cestas básicas, bolsas famílias, incentivo ao endividamento - ond a televisão e a geladeira será o infinito de suas aspirações - enfim a forma mais rápida de escravizar aquele que necessita de algo rápido para a sua sobrevivência. Afinal o mundo ainda fala pelo estômago. Alimentado, o necessitado dorme feliz e enquanto dorme não pensa, não age, apenas vota para que a situação não mude e ele não tenha que ir atrás de seu sustento.. Não forma uma família, apenas a gera. A ignorãcia trás de volta a violência e a roda gira, sem sair de seu próprio eixo. E criam-se verdadeiros cânions de formas para se evitar a luta contra a injustiça. Afinal temos um culpado pelas mesmas: ELES.
Mas quem são ELES? Os norte-americanos, os tucanos, os inimigos dos regimes democráticos de Cuba, do Irã, da Venezuela? Meus Deus, como eu gostaria de ter conhecimento quem são ELES! Nunca temos culpa, pois, sempre existiram ELES, para serem acusados, nunca identificados, mas propensos a serem crucificados na cruz da imaginação criada por seres populistas que agem como se fossem povo, mas dELES se afastaram da há muito e hoje sentem um resquício de nojo por suas origens. Por isto precisam de passaportes diplomáticos. Pois, embora nas filas de primeira classe dos aviões não existam pobres, é uma fila. E uma fila é sempre um incomodo, um transtorno, principalmente para o ser que se considera especial, imune ao bem e ao mal e que tem ELES como inimigos.
Caros amigos, por favor me ajudem a identificar quem são ELES. Quem são estas forças ocultas que fazem o Brasil estar cada dia mais avançado em sua economia, outrossim com mais gritantes diferenças sociais entre suas classes. Somos uma Bélgica com sol, mas que não deu certo. Que tornou a violência e a impunidade peças diárias, mas pela qual passamos os olhos rapidamente nos noticiosos a caminho dos assuntos mais amenos e menos estressantes. AquELES assuntos que na verdade farão nossa vida melhor e o tempo passar mais rápido.
E esta alienação tem um culpado: ELES!