domingo, 16 de janeiro de 2011

COMO É LENTO ESTE NOSSO BRASIL...

Na era Vargas - a mais extensa entre os muitos governos populistas pelo qual o Brasil foi e é obrigado a passar em sua história política - havia um ministro que me pareceu lúcido, embora lucidez não pareça a primeira vista, ser um dom entre aqueles que governam e habitam a nossa política. Seu nome Oswaldo Aranha. Sua pasta. A da fazenda.

Porque assim o afirmo? Por três fatores. Primeiramente ele evitou que Getulio Vargas, pressionado por seu ministro da Guerra , o marechal Eurico Gaspar Dutra, apoiasse o eixo formado por Hitler, Mussoline e o imperador japones, quando da segunda guerra mundial, como o fez de forma velada, mas real, o governo de nossa vizinha Argentina. Getulio não era santo e se fazia de sonso pois, nutria amplas simpatias pela forma pelos quais os ditadores europeus da época, levavam à frente seus regimes. Nossa policia chegou a ser treinada e monitorada pela Gestapo. Outrossim, deixou que seus dois ministros se degladiassem e quando sentiu para onde o vento estava devidamente soprando, se uniu aos aliados e ganhou Volta Redonda. Segundo, que como todo bom gaúcho, o ministro Oswaldo Aranha criou o seu próprio bife e de quebra bons cavalos de corrida. E terceiro por que ele uma vez pronunciou esta frase lapidar sobre o que era a burocracia da politica brasileira, mesmo em se tratando de um regime ditatorial; o Brasil só cresce entre meia noite e seis horas da manhã, enquanto todos dormem. E isto é a mais pura verdade.

Temos todo e qualquer tipo de entrave. Nossa justiça sempre falha. É morosa e inoperante. Nosso legislativo se perde mais em palavras do que ações. Nossa constituíção que pouco é respeitada e nunca seguida, é uma Biblia, enquanto a norte-americana que é respeitada e seguida a risca, não passa de uma folha de papel. Imaginem se Deus, ao mandar para Moises, as tábuas dos mandamentos se inspirasse nos políticos brasileiros. O pobre do Moisés não poderia subir o monte a pé. Tinha que ter um caminhão para transportá-las.

Lembro-me que quando foram trazidas as medidas provisórias, como o único instrumento possível de viabilizar a agilização do mecanismo do Executivo. Evidente que o PT foi o primeiro a opôr-se. Votou contra. Afinal era oposição e tinha obrigação de votar contra, pois, se o Brasil desse certo como iriam pregar suas ladaínhas populista? Como iriam chegar ao poder? Como iriam equilibrar a renda... entre eles?

Pois bem,  um dia por erro de um povo que de há muito é reconhecido por não ter no voto a sua grande virtude, ganharam as eleições, assumiram o poder e imediatamente clamaram pelas mesmas, pois, embora na metodologia Petralha seja a de que se há governo somos contra, mas se o assumimos temos que ter todo o poder e acabar com a oposição, para o Brasil seguir em frente era necessário que as medidas provisórias, para o novo presidente colocar o seu seu X e implantar rapidinho sua demagógicas políticas de melhoria da vida do povo. Aquelas que lhe pudessem garantir a reeleição.

Depois do governo FHC, onde muitos erros igualmente foram cometidos, mas que pelo menos os pilares de uma estrutura de desenvolvimento racional foram alicerçadas, não tenho receio de afirmar que para governar o Brasil seria apenas impedir que ele se destrua. Teria que ser uma besta como Bretch, para fazê-lo retroagir, principalmente numa época que as grande potências mundiais foram atacadas por crises financeiras. Tínhamos o cenário perfeito para nos desenvolver, mas os mesmos mecanismos lentos para obstruír o nosso desenvolvimento.  O Brasil continuava a ser um país em câmera lenta, sem uma mídia que lhe cobrasse de forma segura aquilo que nos é devido.

Confesso que não leio mais jornais. Perdi o hábito e ademais neles não encontro mais colunistas do naipe de Nelson Rodrigues, Carlos Heitor Cony, Castelinho, Antônio Maria, Sergio Porto, Rubem Braga, Paulo Mendes Campos,  cartunistas como o Henfil, enfim,  gente que sabia escrever, expor seus pontos de vista e chegar aos fatos. Hoje existem fatos de sobra e muita gente que não sabe escrever e muito menos explorá-los. O escândalo do dia e a catástrofe da semana, são o que temos para ler. Todavia, num piscar de olhos e num passar de horas, os escândalos são substituídos e as catastrofes apenas mudam de cenário e escolhem novas vítimas. Dona Erenice é esquecida e Angra dos Reis é substituída em seu infortunio pela serra de seu próprio estado. A causa a mesma: chuva.

No mundo inteiro a chuva molha. Aqui ela destrói. Mata. Desumaniza. Empobrece.

Agora, o que realmente me deixa perplexo, é a surpresa com que estas catástrofes cíclicas são acolhidas tanto pelos governantes federais como estaduais. Estas autoridade são tomadas de completo espanto, como se estas calamidades não fossem iguais as dos anos anteriores. Atacados por catatonia, estes dirigentes custam a reagir. São lerdos, estáticos. Inoperantes. Deixam nas mãos dos voluntário e na bondade do povo brasileiro, o trabalho inicial de reação. Sem os meios necessários e as vezes usando as próprias mãos, eles salvam, acolhem, ajudam, minimizam o sofrimento de muitos. Ai chega no final o socorro governamental e posa como salvador da pátria.

Somos um pais em que o ladrão de galinha entra em cana, principalmente se esta galinha era de propriedade de algum figurão, ou "cumpanheiro" do PT. Parênteses. Não existe hoje nenhum Petralha que não esteja bem de vida. Aponte um se conhecer.  Fecha parênteses. Mas que em contrapartida leva ao supremo o casos dos colarinhos brancos, onde os processos e as acusações contra pessoas como a dona Erenice - o braço direito da atual presidente - são arquivados e esquecidos, pasmem, até por aqueles que levantaram a lebre. Este, infelizmente, é o retrato de nossa mídia.

Somos um país que não preservamos uma política habitacional, que não damos  a mínima bola para as chamadas áreas de risco, cujo saneamento básico é inexistente, em que a limpeza urbana não tarda, pois nunca chega, que não nos damos ao trabalho de simplesmente preservar nossas vias de transportes e que quando a primeira chuva cai, tudo desaba. E nisto numa área do mundo imune aos furacões, maremotos, vulcões, terremotos, neve e outras intempéries que assolam a humanidade. Não somos atacados por terroristas e não vivemos climas de enfrentamentos religiosos ou sociais. O preto pode ser chamado de preto - afinal esta é a sua cor - é não de afro-brasileiro. O judeu monta sua loja ao lado do árabe. O pobre trabalha na casa do rico e come de sua comida. Mas os políticos que nós temos, estão ai para nos atolar até o pescoço. E o pior ele se proliferam, já que agora suas esposas, filhas, netas, e sobrinhos já nascem políticos. Possuem passaportes diplomáticos para não terem que se sujeitar a filas e inspeções alfandegárias. E os morros desabam...

Sim, com certeza, em parte é verdadeira a afirmação que fomos abençoados por Deus, mas creio que esquecidos logo a seguir pelo mesmo, pois, não acredito que nossos políticos tenham sido esculpidos à sua imagem. Somos um país de contrastes. Afinal sonhamos semos emergentes, embora ajamos como elementos de terceiro mundo, com impostos cobrados de primeiro e serviços de quinto mundo e categoria.

Volto a afirmar, vivemos em câmera lenta. Como se fossemos a Finlândia ou a Suíça. Nossa reações são letárgicas. Quando existem. Gastamos muito, nossa divida interna é mostruosa e nossa agilidade interna inexiste. Não içamos nossa velas pois, achamos que tudo que nos cerca é produto de uma calmaria eterna. Qualquer alerta para com o perigo futuro é visto como conspiratório. E para que remar, se o peixe está a nossa volta?  As bolsas familias, as cestas básicas e todos os demais projetos de endividamento e doações, implantados pela gestão dos Petralhas, com o intuíto de arrefecer o desenvolvimento educacional de nosso povo, cria uma capa de pelica que leva a alguns a pensar - pelo menos 54% da população que votou - que vivemos melhor. Todavia, que na verdade, tem como principio básico, apenas angariar votos para a eternização no poder.

Somos um pais atualmente desenhado com o maior número de ministérios e empregados públicos - definido de uma forma politicamente correta como base de apoio a governabilidade - onde a rapidez e a eficiência foram banidas de seu manual.