domingo, 30 de janeiro de 2011

O PADRE MAX

Eu acho que as coincidências são que nem as bruxas: a gente acredita que elas não existem, mas que elas existem, existem!

Um dos grandes ídolos que tive em toda a minha vida foi e é o Chico Anysio. Uma inteligência invulgar. Uma rapidez de raciocínio, difícil de ser equiparada e acima de tudo um amante de tudo que a vida pode lhe proporcionar. Tem um texto preciso, curto e de fácil assimilação. Seus livros, escreveu quatro, são hilários. os tenho todos. Ele e o Jô Soares, em meu parecer, são de há muito, os dois maiores homens shows da área de humor brasileiro. Capazes de contagiar e hipnotizar uma plateia, sozinhos por mais de horas.

Nunca tive contacto com nenhum dos dois, embora como eles eu estivesse morando no Rio de Janeiro na mesma época em que ambos atingiam o ápix de seus estrondosos e respectivos sucessos, ali na Lagoa, no teatro do Ricardo Amaral, com shows sequenciais que arrebatavam a platéia todas as noites, durante quase uma década. Tive o privilégio de assisti-los também.

Mas, quando casei, há trinta e três anos atrás, com a Cristina (aniversário que irei comemorar em dois dias) tive como padre, um que estava em plena moda no Rio de Janeiro: o padre Max. Era igualmente oriundo de Maranguape, e para deixar a situação ainda mais divertida, tinha a cara do Chyco Anysio. 

Não sei se foi o Zózimo Barroso do Amaral ou outro colunista social qualquer, que um dia escreveu, que o Padre Max era irmão do Chico Anysio, até então, o único ilustre descendente que Maranguape que o universo conhecia. Devia ser, pois a semelhança, entre os dois, era simplimente incrível, assim como aquele incomparável timbre de voz. Além de tudo, o padre Max era dono de monólogos incríveis e como o humorista, tinha igual presença de espirito.

Anos depois quando ele esteve encabeçando o altar na celebração do casamento do Chico com a ex-ministra Zelia Cardoso de Mello, esta com seu bebe nas mãos, não tive dúvidas que deviam ser irmãos. O casal Gisella e Ricardo Amaral foram os padrinhos e tudo ao som de harpas. Foi um casamento badaladíssimo, regado a champagne e caviar, e a grande piada da noite, foi quando ao final da celebração, o padre Max pediu que todos os 300 convidados presentes a cerimônia mantivessem sigilo, pois, aquela celebração lhe poderia trazer problemas na Cúria. Grande piada! Segredo no Rio de Janeiro é que nem palito de fósforo. Funciona por segundos...

No dia seguinte era o comentário nas praias e nos botecos do Rio e estava estampado em todas as colunas sociais. Não sei se esta cerimônia causou algum tipo de problema ao padre Max. Sei apenas pelo próprio Chico, anos depois, que este casamento sim, lhe causou muitos problemas.

Um dia escrevi um livro. Algo de há muito que tinha em cabeça. O Submarino da Lagoa Rodrigo de Freitas. O fiz sobre as lembranças de coisas que meu pai havia me contado, quando eu era ainda muito garoto. Fatos relativos a neura que tomou conta dos habitantes do Rio de Janeiro, durante o período da segunda guerra mundial. O pavor que os alemães invadissem o Rio de Janeiro. Navios cargueiros e de passageiros haviam sido postos a pique na orla marítima brasileira. Acusavam os alemães pelos naufrágios. haviam outros que diziam ser submarinos norte-americanos para nos fazer entrar na guerra contra os alemães, pois, vargas, em cima do muro, procurava faturar do dois lados. Sei lá! O que sei é que tinha pescador que saía ali do posto seis em Copacabana, a noite de lanterna em punho, para policiar a Baia de Guanabara. O que eles fariam se achassem um, não tenho a menor ideia. Talvez uma lanternada!

Ai eu tive a ideia de montar uma cena com um Submarino, avistado por um bebado na lagoa Rodrigo de Freitas e como sempre cruzava com o Fernando Sabino - outro de meus ícones -, na Praça General Osório,  em meu diário caminho para a praia, um dia contei a ele minha ideia. Ele deu muita força e me garantiu, que se eu precisasse de alguém para escrever o Prefácio, ele teria imenso prazer.

Lembro ter comentado com ele, que quando a boneca do livro estivesse pronta, gostaria que ele lesse para dar o seu crivo, ao que ele respondeu que o faria, mas que por via das dúvidas mandasse uma cópia para o Chico Anysio e outra para JÔ, pois, eles seriam os críticos mais severos a uma obra deste tipo.  Sua frase foi curta e direta: se você fizer o Chico e o Jô rirem, o Brasil inteiro se esbaldará!

Quis o destino, que ele viesse a nos deixar antes que a boneca estivesse pronta. Mas nunca esqueci de seus conselhos e pedi a editora para mandar as duas bonecas, aos humoristas que ele havia indicado.

O Jô nunca respondeu. Não sei se não gostou ou mesmo se sequer tenha lido. Como é uma pessoa altamente educada, creio que possa ser a primeira situação e ele preferiu não magoar a um autor iniciante. O Chico recebeu numa sexta a tarde em seu apartamento da Barra e no sábado, já pela manhã, ligou para o meu editor tecendo os maiores elogios a minha obra. O meu editor, aproveitou a deixa e perguntou ao Chico se poderia transcrever aqueles comentários que acabara de ouvir pelo telefone e apresentá-lo em forma de Prefácio. O Chico topou e em menos de 20 minutos, mandou via faz, o prefácio assinado, que tenho aqui na moldura deste blog, para todo o sempre.

Nunca tive coragem de perguntar ao Chico, se o padre Max era seu irmão. Em algumas ponte aéreas que nos encontramos ele me contou muitas facetas de suas vidas, pois, ele viveu muitas e todas de forma intensa. Mas em nenhuma delas o padre Max foi lembrado. Um dia tomo coragem e pergunto. sei que para muitos, irmão de gente famosa é que nem vice-presidente. Existe mas nunca é lembrado. Todavia, até lá, se alguém souber o paradeiro do famoso Padre Max que me diga. E se o conhecer lhe avise, que o casamento que ele celebrou do Chico não durou muito, mas o meu parece que é para sempre.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

CONGESTIONAMENTO NOS MOTÉIS

O Brasil é um pais de enumeras facetas. Muitas delas coloridas e próprias de um país tropical e que sempre teve na irreverência seu fator mais forte de desenvolvimento social. Sempre que penso em algumas destas facetas, ponho-me a rir, onde estiver. E como as vezes estou sozinho em um logradouro público, devo passar por louco, para muitos daqui. Mas não dá para segurar.

O norte-americano é careta. Não costuma demonstrar seus sentimentos em publico. Trata tudo com parte de uma possível quebra da liberdade alheia e consequentemente sujeita a processos. No Brasil não. Muito pelo contrário. Não tem a mínima graça se pensar antes, se medir as possibilidades, os prós e os contras, e então fazer. O brasileiro apronta primeiro e vê no que dá depois. Isto o faz crescer em seu jogo de cintura e adquirir a maestria do jeitinho.

Nas grandes áreas de densidade populacional em metropoles não litorâneas, no verão temos, ano a ano, a repetição do fenômeno do congestionamento nos motéis.  Sim aqueles hotéis que funcionam por hora e com intensa rotatividade de usuários de uma mesma suite.  E porque? Imaginem, a patroa e os filhos na casa de praia, o patrão passa a semana sozinho em seu lar. E o que acontece? Aproveita seu passageiro status de solteiro, para deitar e rolar, na acepção da palavra. O problema é que tem que fazer reserva nos motéis, pois, mesmo só, solto na buraqueira, todo o cuidado é pouco.

O horário é restritivo, sujeito a congestionamentos pois, para todos que se aproveitam desta mesma situação, tem em mente que a utilização das horas da noite é perigosa, pois, a patroa pode telefonar e a empregada entregar o ouro. Por sua vez a perda da tarde, o deixa nas mãos de sua secretária que um dia pode utilizar este trunfo a seu favor, na discussão de um possível aumento salarial. Jantares constantes com clientes acaba dando na vista. E ir ao cinema sozinho, fere com a inteligência de seu par oficial.  E, aqui entre nós, ter que ficar em seu carro na fila do motel, não parece ser uma das situações mais seguras. Principalmente quando o "casal casual", vem cada um em sua viatura. E ademais, muitos já flagraram nestas filas seus esposos, suas esposas e filhas. Chegada a motel tem que ser coisa muito rápida. Pegou a chave, entrou na garagem e fechou a porta. Tudo numa questão de segundos.

Confesso que divirto-me com as histórias que ouvi de amigos, e agora entendo por que muitos deles, optaram em não morar em zonas litorâneas, e quando compram casas de praia, não o fazem naquela que é a mais perto de sua cidade e sim, naquela que exige no mínimo a utilização de um meio de transporte aéreo. A melhoria das estradas complicou o negócio.  A independência da esposa na utilização de um carro próprio também. Logo, não dá para arriscar.

Esta certo que com o advento celular, você pode se dar ao luxo de receber um telefonema da esposa e inventar o que vier em sua cabeça, mesmo tendo a "outra" deitada a seu lado, ou compartilhando da whirlpool. O problema é o controle de sua voz e a bateria. O homem prevenido tem que manter a sua bateria carregada, pois, se não atende o telefone, sua mulher deduz imediatamente, que das duas uma: ou tá num motel ou foi sequestrado. E a cara de pau, leva tempo para ser assumida

Foi-se o tempo da boêmia, da Amélia que era a mulher de verdade, das bebidas com os amigos, da roda de samba... Hoje, se você mija fora do pinico, no dia seguinte recebe um telefonema do advogado de sua esposa, que normalmente será aquele que irá limpar a sua conta bancária e possivelmente ocupar o lugar vago, na cama da defunta.

Se você tem uma secretária bonita, pode apostar que sua esposa elegerá para si, um advogado jovem.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

MEIAS VERDADES

Se existe algo que me deixa ansioso, este algo são as meias verdades. Não gosto delas, pois, elas incitam em mim, aquele lado que todos nós possuímos da incerteza comum perante opinião alheia. Vou me explicar melhor.

Aprendi no Brasil que quanto maior foi o ídolo, maior é o volume de meia verdades que irão pairar sobre ele, pois o Brasil é aquele pais em que o ídolo não tem prazo de validade. Sua fama pode durar quinze minutos, ou não mais de quinze segundos. Depende, única e exclusivamente da situação. Somos um pais que um Roberto Jefferson pode passar de um segundo a outro, de vilão a salvador da pátria. Com apenas uma certeza. Mesmo cassado, em seus direitos políticos, um dia ele volta e é reeleito.

No Brasil o que se vê, ouve ou lê, não é bem assim.

Vocês querem uma outra prova disto?

Até semanas atrás, o centro avante Jonas era o todo poderoso ídolo do Gremio. Artilheiro do último Brasileirão, foi vaiado incessantemente por sua própria torcida este fim de semana. Irritado depois de fazer os dois gols, que deram a vitória a seu time, retrucou, insultando a aqueles que o insultavam. Foi instaurada uma guerra entre ele e a torcida. Ontem sai a noticia que foi vendido para o Valência da Espanha. E qual foi a reação? Aplausos daqueles que o queriam fora do time ou exigiam dele uma maior participação? Não! Ao contrário, muito choro e agora indignação.

Isto apenas prova que tanto na vaia, quanto no insultos brasileiros, ambos se mostram embebidos em meia-verdades. Imaginem na politica e no elogio.

Vocês já notaram o "homi" falando do Sarney e este deste? Parecem dois amigos que se respeitam desde garotinhos. Mas a gente sabe que não é bem por ai. Os interesses - sejam eles políticos, econômicos ou sociais - selam de forma indiscutível as meias verdades, principalmente entre politicos, pois assim tentam nublar a mente dos observadores. Como se todos nós tivéssemos uma dependência de sobrevivência atreladas ao recebimento de cesta básicas. Como todos nós fossemos dotados de QIs de símios atacados por retardamento mental.

Nós brasileiros, evoluímos em alguns pontos, mas nos mantivemos reacionários na maioria dos outros. Mesmo em um lugar como o Rio de Janeiro, reconhecidamente até pelos paulistas, como uma área mais aberta a discussão novas idéias, sinto que "involuímos" em certos aspectos. Tomemos como exemplo nossa mídia escrita. Ela encolheu, murchou, "escafodeu-se". Só não desapareceu de vez, pois, ela é ainda necessária para a publicação de anúncios, pois a política econômica brasileira, colocando em prática outra meia verdade, exige que nós brasileiros consumamos - acima de nossas possibilidades - para o bem da industria nacional e dos bancos que embolsam juros extorsivos, assim sustentem a política de um dólar baixo, que a prejudica na competitividade perante o similar manufaturado no exterior. E como o governo tenta inibir o avanço do produto externo? Aumentando as taxas. Criando outros monstros. Outras meias verdades. E o povo se endivida, acreditando que teve uma melhoria em seu padrão de vida.  Melhoria do padrão de vida do povo brasileiro...Existe meia verdade maior do que esta?

Não temos mais movimentos retrógrados como o TFP, Tradição Família e Propriedade, ou mesmo o CCC, o comando de Caça aos Comunistas, mas em compensação temos o MST, o Movimento dos Sem Terra. O PT, um partido que o que tem menos hoje, são trabalhadores e o BBB, o Big Brother Brasil que é para mim o depositário das maiores "inverdades" até já hoje cometidas pelo gênero humano. E olhem a sua aceitação popular...Notem como um bem dotado como o Pedro Bial se aproveita do mesmo...Sua audiência é prova de como adoramos as meia verdades.

Sou de um tempo em que a gente tinha fartura de informação. Só na minha praça - a do Rio de Janeiro - que me lembre, eram distribuídos mais do que dez vespertinos, sem contar a Folha e o Estadão, produtos da vizinha São Paulo, igualmente bem aceitos, principalmente aos domingos. Afinal o carioca tinha o melhor cenário para ler: a praia. Pois bem, você possuía realmente acesso a toda e qualquer tipo de informação, discutida de distintas formas. Quanto mais o jornalista se aproximava da verdade, mais era respeitado e lido. Quanto maior era polêmica, melhor era a receptividade. Não dava para se viver da publicação de meia verdades, apenas das opiniões politicamente corretas, das adulações veladas a aquele que o patrocinava, pois, o seu competidor o acusava e o engolia.  Se você tinha que puxar o saco, quase o arrebentava. Se tinha que baixar o pau, o fazia sem pena ou medo de represálias. Resumindo, onde você procurasse, fosse no Globo, no Jornal do Brasil, na Última Hora, nas Tribunas da Imprensa e Livre, no Correio da Manhã, no Diário de Noticias, no da Noite, no Dia e até no Jornal do Comércio, achava verdades.  Do tamanho que pudessem estar contidas. Que poderiam não ser as suas. Mas pelo menos eram a de alguém. Ou pelo menos podia se contentar com comentários e noticias que se aproximavam da mesma.

Hoje, não creio que possamos dizer a mesma coisa. Tudo é pasteurizado, medido e acondicionado em embalagens bonitinhas e politicamente corretas. A Internet, que poderia somar, hoje vive praticamente dos sítios de relacionamento, mais lidos e acessados que os informativos. Uma lástima. Um degeneração da raã humana, a qual um dia muitos destes pertenceram.

Todo dia acordo, olho a paisagem que posso usufruir no momento e me pergunto: para onde foram as nossas verdades? A resposta é clara. Muitas delas morreram com a tomada do poder por parte do PT. Teremos tempo de um dia resgatá-las? Acho difícil, pois, embora não seja pessimista, penso que o povo se acostumou a elas. A vaiar pela manhã e antes do anoitecer acariciar a aquele a quem havia vaiado. Acostumamos-nos a viver de meia verdades. Talvez elas são mais doces...

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

IPANEMA DE SEU INICIO A SEU FIM

O aroma e os sabores da juventude são eternos, pois, foram erigidos em uma época de descobertas e consolidações pessoais. Os meus anos dourados foram os da década de 70, na verdade na década posterior, aos dos Rio de Janeiro, onde sua ebulição cultural, sua mudança de status e o nascimento da grande Ipanema, consolidaram esta cidade como maravilhosa. 

Não havia este fenômeno viciante chamado Internet. Tudo era conhecido pelos jornais, e o papo de praia e botequins, pois, o Rio de Janeiro, ao contrário de São Paulo, não vivia de clubes. Vivia de quatro pontos fundamentais: o carnaval, o futebol, a praia e o botequim. Tudo palpável. Nada virtual. Tudo com aromas e sabores. Tudo entranhando-se em sua pele.

Como carioca sempre foi aquele que sabia viver o Rio, não necessáriamente aquele que nele nasceu, cada um exercia a sua preferência. Seu time de futebol, sua escola de samba, seu bar preferido e seu ponto na praia. A noite todos os gatos se tornavam pardos, haviam as discotecas, os cabarets e muita cultura sendo despejada a frente de seus olhos. Outrossim, em meu ponto de vista, na realidade o Rio de Janeiro era uma cidade para ser vivida durante o dia. Pelo menos naqueles tempos.

Ipanema tinha seu charme de menina moça, pois todos nós temos aquele sonho difícil de se realizar de estar na cidade grande mas viver como em uma pequena vila, e naquela época era este bairro e o vizinho Leblon, os únicos a lhe poder proporcionar um resquício desta sensação. Tinham os aromas e os sabores de uma Georgetown, de uma Chelsea, de um Soho e com a vantagem de ter muito mais mulher bonita e ser bem mais divertido.

Ipanema entrou no mapa do noticiário carioca no meio dos anos 30. Para se ter uma idéia, foi lá que Luiz Carlos Prestes - o Cavalheiro da Esperança - se refugiou, quando Vargas saiu a sua caça. Imaginem, vocês que ele se escondia em Ipanema. Hoje, ao contrário, e lá que você deve estar se quer aparecer.

Foi nos anos 60, que me tornei Flamengo e Salgueiro, que escolhi o Arpoador como meu ponto de encontro e como ainda não frequentava os bares da vida, tinha na sorveteria Moraes e no Bob's minha eterna fascinação. Os anos 70, me fizeram descobrir a noite, a Montenegro (hoje Vinicius de Moraes), o Veloso. E o mais importante de tudo: ter a plena consciência que nos sábados e nos domingos, Ipanema se encontrava no Leblon, mais especificamente na rua Bartolomeu Mitre, em um restaurante chamado Antonio's e terminava sua noite em Copacabana, entre o Jirau e o Le Bateuax.

Assisti muito o Sergio Mendes tocando de graça no beco da fome, à espera da primeira barca que o levaria de volta a sua Niteroi. Esbarrei em muitas oportunidades como Norma Benguel no Jirau e com Duda Cavalcanti no Arpoador. Cansei de me sentar na mesa ao lado do Vinicius e do Tom, no Veloso. Não deixava passar a oportunidade de ser um dos primeiros a ter em minhas mãos o Pasquim, que era vizinho ao edifício onde morava com meus pais. Aliás isto era uma situação pitoresca, esta, de minha moradia. Nasci em uma casa de saúde de Botafogo, embora fosse morador de Copacabana. Muito pequeno foi transferido para um ponto basicamente neutro, já que o edifício de meus país na rua Saint Roman, esquina com a rua Antonio Parreiras era o ponto divisório entre Copacabana e Ipanema. Meu quarto ficava em Ipanema. O de minha irmã em Copacabana. A frente a casa do senador Juracy Magalhães que depois da morte do mesmo foi transformada em colégio, exatamente no inicio da ladeira da Saint-Roman que levava ao morro do Pavão-Pavãozinho. Comunidade, naquela época, ainda não dominada pelo Comando Vermelho.

Meus valores foram mudando assim como o nome das coisas que me cercavam. Minha rua foi rebatizada para Piragibe Frota do Aguiar. Perdeu todo o seu charme de cunho francês. Meu ponto de praia deixou de se chamar Montenegro e passou a ser  conhecido como a Vinicius. Houve uma demanda das grandes mulheres e com elas se foram igualmente os homens, inicialmente para frente do Country - o chamado posto 10 - e depois para a Barra, na praia do Pepe, e ai Angra, Buzios... O Veloso assumiu a alcunha de Garota de Ipanema e perdeu toda a sua freguesia.  Passou a ser bar de turista. O Antonio's, o Jirau e até a sorveteria Moraes desapareceram do mapa. Terminaram-se as referências. Foram com eles os meus aromas e os  meus sabores...

Outros se transformaram. Se sofisticaram. Mas não vingaram. O Zepellin, por exemplo, que a um tempo era verde, com cadeiras de palhinha e que como maior atrativo tinha o de estar a frente do edifício onde morava o João Gilberto, passou as mãos do Ricardo Amaral, sofisticou-se, perdeu sua personalidade e passou a ser ponto de encontro da cinematografia nacional. O Castelinho se rendeu a fúria imobiliária. Com a morte do Hugo Bidet, o Jangadeiros perdeu muita parte de sua graça. O bumbo do Rui Carvalho não foi mais ouvido e o bar civilizou-se. Dava até para conversar. Perdeu assim todo o seu encanto. Toda a sua graça. 

A banda de Ipanema continuou, mas o que menos passou a ter foi os moradores de Ipanema em seu seio. Seu inicio glorioso nas cercanias da revolução militar foram perdendo pouco a pouco sua caracteristica marcante. A de agradar sem chamar a atençao, como aquele menina nova no pedaço, petala ainda em flôr. O morro do Pavão Pavãozinho cresceram, multiplicando assim o indice de criminalidade. Com o tempo, perderam-se o Rubem Braga e seus pomares suspensos, o Vinicius, o Tom, o Fernando Sabino, o Paulo Mendes Campos, o João Saldanha, o Roniquito,  o Tarso, a Leila, o Carlinhos de Oliveira, o Francis. Como não eram artigos de fácil reposição, Ipanema murchou, qual uma orfã daqueles que a criaram e a fizeram mulher. Desejada, amada, idolatrada.

Fecharam o Arpoador. Acabaram com minha contemplação do por do sol, na garupa de minha mota. Com a corrida de submarinos. Só ficou como paisagem eterna, o arquipélago das Cagarras e o morro dos dois irmãos. Tudo se foi, para o bem do desenvolvimento. Do progresso. Mas que progresso é este baseado em apagar seu passado, suas memórias, seus aromas e seus sabores? Qual o prazer de trazer um filho e um neto a um determinado lugar e dizer, foi aqui que papai conheceu sua mãe. Foi aqui que eu dei o meu primeiro beijo. Foi aqui que eu estava quando o John Kennedy foi assassinado ou o homem pisou na lua. Aquela mesa era a do Carlinhos de Oliveira.  Foi exatamente aqui que eu estava sentado, quando o Tarso de Castro entrou abraçado com a Candice Berger. Foi naquela pedra que vovê descobriu o sexo. Foi nesta pista que vi o Jorge Ben dar um show de dança. Até o Jorge Ben mudou de nome...


Pasmem, o Maracanã é outro. Irreconhecivel, ordenado, limpinho... Acabaram com os grandes bailes: o do Municipal, do Copacabana Palace, a feijoada do Amaral. O Forte Copacabana virou museu. Gradearam a Praça Nossa senhora da Paz. Só não acabaram com a mortande de peixes na Lagoa. Um aroma que se perpetua.


Para onde foi o charme da piscina do Copa? Cadê o Galetto ao Primo Canto?


Das lembranças, apenas uma nunca muda. As das águas de Março que se mudaram para Janeiro, mas que continuam matando muita gente neste meu Rio de Janeiro.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O BBB

Foi necessário um cordelista, baiano, para expressar em sua arte natural, todas as opiniões que possam existir sobre este programa chamado Big Brother Brasil, que embora seja apresentado por um dos mais bem dotados jornalistas brasileiros, me parece um vexame sem fim.

Talvez o BBB - como assim é chamado -  seja na verdade o retrato de grande parte do povo que temos. Povo este de excelente índole, mas que vota e elege esta classe política, dos Tiriricas da vida, e que igualmente da IBOPE, fazendo-nos obrigados a suportar estas anomalias televisivas. 

Parabéns a Antonio Barreto, cujo cordel apresento a seguir, tirando o meu chapéu. E obrigado a Maria Amélia Mendes, que via e-mail, nos deu a oportunidade de tomar conhecimento desta pequena obra de arte. 


Vocês querem um Baguel?

BIG BROTHER BRASIL



                    Antonio Barreto

     Cordelista natural de Santa Bárbara-BA,
                residente em Salvador. 

Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.

Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.

Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.

Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.

O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.

Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.

Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação..

Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.

Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.

Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.

A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.

Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.

Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.

É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.

Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.

A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.

E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.

E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.

E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.

A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.

Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.

Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?

Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…


Salvador, 16 de janeiro de 2010. 








segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

DURMA-SE COM UMA CHUVA DESTAS


As chuvas de Janeiro provaram que mais vale um político de primeiro mundo na mão do que meia dúzia de outros descendo terceiro mundo, voando.

Não dá para se tapar o sol com a peneira, dizia minha vó Adelina quando eu tentava quando criança justificar alguns de meus atos ilícitos. Que não foram poucos. Pois bem, eu diria que igualmente não dá para se tratar os efeitos da chuva da forma como o fazemos no Brasil. Enquanto tratarmos a situação como sendo uma revolta da natureza e não como uma falha nossa em saber lidar com a mesma, nunca emergiremos do terceiro mundo em que vivemos, mesmo que economicamente possamos estar ficticiamente em melhor situação.

Ficticiamente? Evidente que sim. Aquele que está rico mas não paga as suas dividas está na verdade enganando o seu entorno. Ou como diria de forma popular, empurrando com a barriga. A divida interna brasileira é monumental. Eu sei, você provavelmente sabe e o importante as autoridades econômicas não têm a menor dúvida sobre tal. E querendo ou não, um dia a conta deverá ser paga. Como? Não sei. Teremos lastro? Possivelmente não.

Com todos os abusos ostensivos, que se iniciam com os onerosos e perpétuos custos da compra dos votos, dos mensalões parlamentares, do excesso de empregos para abrigar a todos os correligionários, dos valeriodutos para manter a imagem de um falso desenvolvimento viva, dá para se prever que existe uma política de manutenção de apoios, que sem a mesma, não haverá apoio e a casa virá abaixo, como as da serra do Rio de Janeiro. Vivemos naquele regime do saco furado. Quanto mais entra, sai.

Anos atrás a tragédia a quem culpam as chuvas foi na Rodovia Rio São Paulo, meses atrás em Blumenau, semanas passadas em outras regiões do Rio de Angra  a aterros sobre lixos -, horas atrás em Santa Catarina, Minas Gerais e Pernambuco. E o que se vê nos informativos, que retratam o que aconteceu na serra do Rio de Janeiro, são as autoridades culparem o volume de água trazido pelas chuvas. Então como se explica na região  de Brisbaine - na Austrália – ter chovido em um menos tempo três vezes mais o volume de água que “lavou” a serra fluminense, e lá terem morrido 20 pessoas e aqui mais de 800? A resposta é simples: Seriedade política.

Esta seriedade política, que no primeiro mundo é vista como vergonha na cara, não parece ser o perfil dos governos brasileiros, que até as vésperas das eleições prometem mundos e fundos, e depois que os votos são contados, ficam para nós, o fundo e para eles – os políticos – todo o mundo.

Não temos um sistema sequer de prevenção. Mas o avião do presidente é novinho em folha. Não somos assolados pela neve, pelos tremores de terra, pelos maremotos e pelos furações, e a simples chuva acaba fazendo mais vitimas que estas muito maiores anomalias naturais. E quando o apagar das luzes chega, para aquele que considero o maior enganador político de nossa história, suas duas últimas medidas de estadista é ir contra o supremo tribunal e livrar a cara de um terrorista assassino e arrumar passaportes diplomáticos para seus dois filhos, cujos enriquecimentos pessoais, não são bem visto por alguns críticos.

Pena que não dá para taxar a culpa na oposição. Bem poderiam dizer que o volume de água é causado pelo excesso de tucanos existentes em nossas matas e em nossos governos estaduais. Seria mais fácil. Mas existe um respeito mínimo para com a ignorância de nosso eleitor. Respeito este que embora comprado pelas cestas básicas e pelo endividamento irracional, que um dia também estará sujeito a receber a conta a pagar, não cega a aqueles que perdem suas famílias e tudo aquilo que juntaram com esforço pessoal.

Vivo em um pais que sofre muito mais com os efeitos da natureza. A única diferença é que estes efeitos são detectadas com antecedência, cuidados são tomados e com exceção do George Bush, que levava um ano para assimilar qualquer coisa que acontecia a sua volta, as respostas de socorro são imediatas, sem a necessidade sequer da utilização dos voluntários. Pois o uso dos mesmos incide em outro problema: os riscos que eles passam a correr.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

PORQUE AS PESSOAS MORREM NO RIO DE JANEIRO

Em novembro de 2007, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou o momentaneamente pacificado conjunto de favelas, graças a um forte esquema de segurança e à tolerância do Comando Vermelho. Foi inaugurar, ao lado do governador Sérgio Cabral, obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em sua primeira visita a um morro no Rio - o do Pavãozinho (foto de abertura) -  após a reeleição. Na ocasião, prometeu dar títulos de cessão real de uso aos moradores para evitar que prefeitos ou governadores os tirem do lugar onde moram, embora o surgimento da região tenha sido realizado com a destruição da Mata Atlântica, crime federal inafiançável.

Não acredito que exista crime afiançável ou inafiançável, no parecer de nosso ex-presidente, quando a idéia é cativar o eleitor e assim eternizar a posição do PT no poder. Sorte do mundo que a Amazônia tem uma fraca densidade demográfica, pois, se ao contrario fosse já teria sido definitivamente devastada, para que o “homi”, pudesse ganhar votos. Tudo em nome da manutenção do poder. Este infelizmente é o quadro do Brasil do PT, e a triste caricatura em que se tornou o Rio de Janeiro, base aliada dos desmandos dos petralhas. Com a primeira chuva, os sonhos se tornam tristes realidades. Vide o acontecido esta semana no Estado.

Vivi em lugares aprazíveis. Vilas dentro ou a margem, de grandes concentrações urbanas. Nada melhor do que morar em um núcleo acolhedor e ter acesso a todas as benesses que os grandes centros populacionais podem lhe trazer. O Chelsea em Londres, o Village-Soho em New York, a aprazível Georgetown em Washington, Santa Mônica em Los Angeles, a Recoleta em Buenos Aires, La Ville de Chantilly nos arredores de Paris, e Ipanema no Rio de Janeiro.

Sim, Ipanema já foi uma vila, assim como o Leblon, antes de se transformarem em novas Copacabanas. 


Nasci em uma clinica em Botafogo e com três anos de idade, fui movido de Copacabana para Ipanema. O processo de verticalização de Copacabana, fez com que muitos, como meu pai, procurassem algo com menor densidade populacional, para criarem seus filhos. Ipanema, naquela época tinha um controle habitacional. Edifícios de 4 andares na Vieira Souto e muitas casas entre esta avenida e o chamado morro do Pavãozinho e a Lagoa Rodrigo de Freitas.

A principio, segundo meu pai, Ipanema era um grande areião, que a partir de 1916 com o inicio das obras que um dia tornariam possível o aparecimento do corte do Cantagalo – que uniria definitivamente Copacabana e a lagoa Rodrigo de Freitas em seus 8 quilômetros de entorno – e com esta obra surge em 1920 a favela da catacumba, a primeira de grande porte instalada na privilegiada zona sul. Ela era uma cidade, que foi erradicada em 1970 pelo então governador, o jornalista Carlos Lacerda, que ao contrario de Lula, com esta sua tomada de posição que salvou uma das regiões mais nobres do Rio de Janeiro, nunca mais ganhou nenhuma eleição no restante de sua vida política.

Carlos Lacerda era da UDN, talvez um dos mais retrógrados movimentos políticos que tivemos o ensejo de presenciar em nossa história, outrossim em quatro anos de governo, deixou quatro presentes para nós cariocas: 1. A erradicação da favela da catacumba e da Praia do pinto, 2. O aterro do Flamengo, 3. As obras do Guandu, e 4. O túnel Rebouças. Sem estas quatro providencias tomadas de posição, creio que o Rio de Janeiro hoje estaria em situação idêntica a de Nova Delhi. Ou pior...

Junto com o aparecimento da favela da Catacumba, foram iniciadas as obras de saneamento na lagoa Rodrigo de Freitas, que basicamente eram constituídas de dois focos a serem levados a efeito: a abertura da Avenida Epitácio pessoa e a construção de dois canais de comunicação com o mar. Anos depois, em 1938 foi concretizada a obra de implantação do chamado Corte do Cantagalo, iniciadas em 1916 e com isto Ipanema e Leblon, passaram a ter um mais fácil acesso. Lembro-me de meus tempos de arquiteto e planejador urbano a serviço de uma firma que trabalhava para o Metro, as coordenadas desta área: 22°58'37"S   43°11'45"W. Mas em seu início, tudo foi levado a efeito sobre a gestão do médico e professor Henrique de Toledo Dodsworth Filho, na época prefeito do distrito federal.

Sim, para os mais novos, é sempre bom lembrar que o Rio de Janeiro já foi distrito federal, assim como um dia sede da cultura brasileira, pois para o bairro aprazível e então de baixo custo financeiro foram atraídos os três Ps estabilizadores de uma nova comunidade: Prostitutas, Poetas e Pintores. Até isto nos foi roubado, com a entrada e o domínio de um quarto e quinto poderes, igualmente iniciados com a letra P; políticos e populacho.

O Rio, em sua zona mais privilegiada se desenvolver qual uma serpente, espremido que era entre os morros e sua faixa litorânea. Um dado que anima é o fato de 69,7% de nossas encostas em áreas acima de 100m do nível do mar – o equivalente a 11,7 milhões de metros quadrados) estão habitados por populações de media e alta renda. Os restantes 30% pelas populações de baixa renda, porém com um alto índice demográfico de 73,5%.

São ao todo 20 favelas, o Vidigal, a Rocinha – que ao tempo do Cantagalo era ínfima e hoje é maior do que Pindamonhangaba -, a chácara do céu, o morro do Juramento, o morro do Dendê e os complexos do Borel, Alemão e Cantagalo-Pavão-Pavãozinho e onde naturalmente se concentram os maiores índices de criminalidade do estado. Todos com vistas estupendas, com alto indice de perderem tudo, inclusive suas próprias vidas à primeira chuva, e com o ônus de terem cometido crimes ambientais inafiançáveis para o futuro da humanidade. Outrossim, crimes e abusos  estes, que não vistos desta forma, tanto para para o PT e muito menos para o PMDB, naturalmente... 

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O DESAGRAVO


Existe uma diferença bastante compreensível entre a critica verdadeira e a dança lugubre de um conspurcado ataque pessoal a este ou aquele politico. A esta ou aquela pessoa. E o pior, quando o objetivo de seus ataques se confundem, não sabendo mais como separar a pessoa da figura publica. Penso então, ser este o início do fim da racionalidade humana.

Por isto, não me deixo levar por este tipo de dança. Afasto-me do lúgubre. Do negativismo ostensivo. Do ritmo pouco propício ao discernimento humano. Mantenho-me aberto a qualquer opção. Independente do modismo ou do baixo ou alto custo que possa ter. Foco-me naquilo que acho real. Palpável.  E desta forma, prefiro me manter no terreno das "criticas". Que na verdade nem criticas são. Apresento-as como alertas, consubstanciados na análise dos resultados de algumas pesquisas. Que como tudo na vida podem ser seguidos ou não. Depende da vontade de cada um.

As pesquisas são sempre verdadeiras? Evidentemente que sim.

Seus resultados denotam uma determinada tendência? Com certeza denotam.

Elas lhe garantem o caminho que deve tomar? Nem sempre.

O problema é que a relutância constante em aceitar o óbvio cria naquele que exerce esta opção, uma interrompida familiaridade com a lucidez. Com o tempo uma inevitabilidade toma conta de si: o faz afastar-se dos verdadeiros propósitos que a  análise de uma pesquisa requer, para que se tenha a oportunidade de se aproveitar, dos ensinamentos que possam estar contidos em seus resultados. Uma vez aqui escrevi e agora repito. Quase sempre inicio uma pesquisa sem ter a mínima noção de onde ela vai me levar. Em outras sinto uma certa tendência se desenhando na atmosfera e vou atrás, até descobrir se ela é produto de um "ocasionísmo", ou tem o seu cunho de verdade.

Entendo que para muitos a compreensão da própria inabilidade de se chegar onde quer, lhe tira o último sorvo de equilíbrio mental. Mas então me pergunto,  que satisfação inalcançável é esta, que leva a estes elementos a buscar o prazer em negar o óbvio ou a combater os dados estatísticos como se estes tivessem sido conseguidos e arrancados das profundezas do inferno?  O que faz estas pessoas perderem seus discernimentos críticos e em desvairos bucólicos, simplesmente apelarem para aquilo que contraria a razão? Que loquacidade é esta que lhe retira a última fímbria de claridade e de coerência para com uma conduta racional. Talvez isto me tenha levado - de forma inconsciente - a publicar aqui no http://www.planetachamadoterra.blogspot.com como o tenho feito, a aquilo que publico em forma de desabafo.

Poucos leeem, mas meu desagravo, ta aqui!

domingo, 16 de janeiro de 2011

COMO É LENTO ESTE NOSSO BRASIL...

Na era Vargas - a mais extensa entre os muitos governos populistas pelo qual o Brasil foi e é obrigado a passar em sua história política - havia um ministro que me pareceu lúcido, embora lucidez não pareça a primeira vista, ser um dom entre aqueles que governam e habitam a nossa política. Seu nome Oswaldo Aranha. Sua pasta. A da fazenda.

Porque assim o afirmo? Por três fatores. Primeiramente ele evitou que Getulio Vargas, pressionado por seu ministro da Guerra , o marechal Eurico Gaspar Dutra, apoiasse o eixo formado por Hitler, Mussoline e o imperador japones, quando da segunda guerra mundial, como o fez de forma velada, mas real, o governo de nossa vizinha Argentina. Getulio não era santo e se fazia de sonso pois, nutria amplas simpatias pela forma pelos quais os ditadores europeus da época, levavam à frente seus regimes. Nossa policia chegou a ser treinada e monitorada pela Gestapo. Outrossim, deixou que seus dois ministros se degladiassem e quando sentiu para onde o vento estava devidamente soprando, se uniu aos aliados e ganhou Volta Redonda. Segundo, que como todo bom gaúcho, o ministro Oswaldo Aranha criou o seu próprio bife e de quebra bons cavalos de corrida. E terceiro por que ele uma vez pronunciou esta frase lapidar sobre o que era a burocracia da politica brasileira, mesmo em se tratando de um regime ditatorial; o Brasil só cresce entre meia noite e seis horas da manhã, enquanto todos dormem. E isto é a mais pura verdade.

Temos todo e qualquer tipo de entrave. Nossa justiça sempre falha. É morosa e inoperante. Nosso legislativo se perde mais em palavras do que ações. Nossa constituíção que pouco é respeitada e nunca seguida, é uma Biblia, enquanto a norte-americana que é respeitada e seguida a risca, não passa de uma folha de papel. Imaginem se Deus, ao mandar para Moises, as tábuas dos mandamentos se inspirasse nos políticos brasileiros. O pobre do Moisés não poderia subir o monte a pé. Tinha que ter um caminhão para transportá-las.

Lembro-me que quando foram trazidas as medidas provisórias, como o único instrumento possível de viabilizar a agilização do mecanismo do Executivo. Evidente que o PT foi o primeiro a opôr-se. Votou contra. Afinal era oposição e tinha obrigação de votar contra, pois, se o Brasil desse certo como iriam pregar suas ladaínhas populista? Como iriam chegar ao poder? Como iriam equilibrar a renda... entre eles?

Pois bem,  um dia por erro de um povo que de há muito é reconhecido por não ter no voto a sua grande virtude, ganharam as eleições, assumiram o poder e imediatamente clamaram pelas mesmas, pois, embora na metodologia Petralha seja a de que se há governo somos contra, mas se o assumimos temos que ter todo o poder e acabar com a oposição, para o Brasil seguir em frente era necessário que as medidas provisórias, para o novo presidente colocar o seu seu X e implantar rapidinho sua demagógicas políticas de melhoria da vida do povo. Aquelas que lhe pudessem garantir a reeleição.

Depois do governo FHC, onde muitos erros igualmente foram cometidos, mas que pelo menos os pilares de uma estrutura de desenvolvimento racional foram alicerçadas, não tenho receio de afirmar que para governar o Brasil seria apenas impedir que ele se destrua. Teria que ser uma besta como Bretch, para fazê-lo retroagir, principalmente numa época que as grande potências mundiais foram atacadas por crises financeiras. Tínhamos o cenário perfeito para nos desenvolver, mas os mesmos mecanismos lentos para obstruír o nosso desenvolvimento.  O Brasil continuava a ser um país em câmera lenta, sem uma mídia que lhe cobrasse de forma segura aquilo que nos é devido.

Confesso que não leio mais jornais. Perdi o hábito e ademais neles não encontro mais colunistas do naipe de Nelson Rodrigues, Carlos Heitor Cony, Castelinho, Antônio Maria, Sergio Porto, Rubem Braga, Paulo Mendes Campos,  cartunistas como o Henfil, enfim,  gente que sabia escrever, expor seus pontos de vista e chegar aos fatos. Hoje existem fatos de sobra e muita gente que não sabe escrever e muito menos explorá-los. O escândalo do dia e a catástrofe da semana, são o que temos para ler. Todavia, num piscar de olhos e num passar de horas, os escândalos são substituídos e as catastrofes apenas mudam de cenário e escolhem novas vítimas. Dona Erenice é esquecida e Angra dos Reis é substituída em seu infortunio pela serra de seu próprio estado. A causa a mesma: chuva.

No mundo inteiro a chuva molha. Aqui ela destrói. Mata. Desumaniza. Empobrece.

Agora, o que realmente me deixa perplexo, é a surpresa com que estas catástrofes cíclicas são acolhidas tanto pelos governantes federais como estaduais. Estas autoridade são tomadas de completo espanto, como se estas calamidades não fossem iguais as dos anos anteriores. Atacados por catatonia, estes dirigentes custam a reagir. São lerdos, estáticos. Inoperantes. Deixam nas mãos dos voluntário e na bondade do povo brasileiro, o trabalho inicial de reação. Sem os meios necessários e as vezes usando as próprias mãos, eles salvam, acolhem, ajudam, minimizam o sofrimento de muitos. Ai chega no final o socorro governamental e posa como salvador da pátria.

Somos um pais em que o ladrão de galinha entra em cana, principalmente se esta galinha era de propriedade de algum figurão, ou "cumpanheiro" do PT. Parênteses. Não existe hoje nenhum Petralha que não esteja bem de vida. Aponte um se conhecer.  Fecha parênteses. Mas que em contrapartida leva ao supremo o casos dos colarinhos brancos, onde os processos e as acusações contra pessoas como a dona Erenice - o braço direito da atual presidente - são arquivados e esquecidos, pasmem, até por aqueles que levantaram a lebre. Este, infelizmente, é o retrato de nossa mídia.

Somos um país que não preservamos uma política habitacional, que não damos  a mínima bola para as chamadas áreas de risco, cujo saneamento básico é inexistente, em que a limpeza urbana não tarda, pois nunca chega, que não nos damos ao trabalho de simplesmente preservar nossas vias de transportes e que quando a primeira chuva cai, tudo desaba. E nisto numa área do mundo imune aos furacões, maremotos, vulcões, terremotos, neve e outras intempéries que assolam a humanidade. Não somos atacados por terroristas e não vivemos climas de enfrentamentos religiosos ou sociais. O preto pode ser chamado de preto - afinal esta é a sua cor - é não de afro-brasileiro. O judeu monta sua loja ao lado do árabe. O pobre trabalha na casa do rico e come de sua comida. Mas os políticos que nós temos, estão ai para nos atolar até o pescoço. E o pior ele se proliferam, já que agora suas esposas, filhas, netas, e sobrinhos já nascem políticos. Possuem passaportes diplomáticos para não terem que se sujeitar a filas e inspeções alfandegárias. E os morros desabam...

Sim, com certeza, em parte é verdadeira a afirmação que fomos abençoados por Deus, mas creio que esquecidos logo a seguir pelo mesmo, pois, não acredito que nossos políticos tenham sido esculpidos à sua imagem. Somos um país de contrastes. Afinal sonhamos semos emergentes, embora ajamos como elementos de terceiro mundo, com impostos cobrados de primeiro e serviços de quinto mundo e categoria.

Volto a afirmar, vivemos em câmera lenta. Como se fossemos a Finlândia ou a Suíça. Nossa reações são letárgicas. Quando existem. Gastamos muito, nossa divida interna é mostruosa e nossa agilidade interna inexiste. Não içamos nossa velas pois, achamos que tudo que nos cerca é produto de uma calmaria eterna. Qualquer alerta para com o perigo futuro é visto como conspiratório. E para que remar, se o peixe está a nossa volta?  As bolsas familias, as cestas básicas e todos os demais projetos de endividamento e doações, implantados pela gestão dos Petralhas, com o intuíto de arrefecer o desenvolvimento educacional de nosso povo, cria uma capa de pelica que leva a alguns a pensar - pelo menos 54% da população que votou - que vivemos melhor. Todavia, que na verdade, tem como principio básico, apenas angariar votos para a eternização no poder.

Somos um pais atualmente desenhado com o maior número de ministérios e empregados públicos - definido de uma forma politicamente correta como base de apoio a governabilidade - onde a rapidez e a eficiência foram banidas de seu manual.

sábado, 15 de janeiro de 2011

BRETCH ERA UMA BESTA!

As vezes me dá um branco. Sinto-me incapaz de escrever. Os condescendente, na sua eterna volúpia de contemporizar, diriam ser apenas a falta passageira de uma inspiração. Lorotas! De há muito cheguei a conclusão de quem está certo são os realistas. Esta falta de inspiração é desculpa de quem chupa vidro achando estar saboreando gelo. Visão falsa. O que falta mesmo é um mínimo de imaginação.

Desde guri me formei lendo Nelson Rodrigues e tendo a nítida noção que Bretch era um besta, que Sheakespeare não passava de um laranja e que o intelectual brasileiro era uma escarradeira para os deleites de Jean Paul Sartre, quando aqui veio chupar jabuticabas, com despesas pagas. Assim, formei-me como leitor e posteriormente como homem e escritor. Tudo às margens do óbvio ulutante apresentado pelo Nelson.

O tempo me fez enxergar que a grande importância da obra de Nelson Rodrigues estava contida no simples fato que ela fora escrita com o fito de não ter importância alguma. Ela apenas fora idealizada para demonstrar, que naquilo que estava à nossa frente, por mais simples que pudesse ser, estavam contidas todas as verdades filosofais. E nós, simplesmente a procura de falsas inspirações nos recusávamos a ver, pois, não possuímos a imaginação necessária para notá-las. Simplesmente olhávamos e não víamos, a empada com a mosca pousada sobre si no botequim, o cego que acompanhava o movimento glúteo da mulata, a grafina de narinas cadavéricas que perguntava o que era a bola em sua primeira visita ao Maracanã, do decote que nos saraus do Leblon procurava se impressionar com o intelectual de sucesso momentâneo. Enfim, nem ao Sobrenatural de Almeida estávamos preparados a aceitar, bem como como o fato que apenas  os fracassados chegarão a Deus.

Por isto sentíamo-nos felizes. Afinal o ignorante é o mais feliz dos homens, pois “inabita” a realidade. Vota no Tiririca, no Cacareko e até no macaco, achando que está fazendo critica a um regime. Coloca a Dilma no poder, pensando que está eternizando o “homi”. Desfila no sambódromo vestido de príncipe, quando não tem onde cair morto, se um mal súbito lhe visitar no minuto seguinte. E dá graças a Deus que só sua casa e seus pertences foram levados pelas chuvas, desta vez. Não culpa o governo, a ninguém. Resigna-se.

Nós brasileiros somos os resignados. Acreditamos que Cabral estava a caminho das Índias, que nesta terra tudo se podia plantar, que tivemos uma independência heroíca, que ganhamos a guerra do Paraguai, que abolimos a escravatura pela piedade de uma princesa beata, que deveríamos ter ganho a Copa de 50, que o Jânio Quadros poderia salvar o Brasil, que o Lula tinha uma aceitação popular de 85% mesmo com sua candidata não alcançando 60% nas urnas com votos obrigatórios, que o Dunga poderia nos trazer a Copa, que esta foi a última enchente... Enfim para mim isto é muita inspiração, mas uma total falta de imaginação, pois, imaginação para mim é o discernimento de ver o oculto â sua frente e entendê-lo. Como o Nelson tão bem o faria.

E sempre que me tranco em casa ou me refugio nos livros, no som de óperas ou na simples passada de olhos pela televisão, perco a minha capacidade de escrever. Simples de descobrir porque. Estou me afastando da realidade e penetrando em meu próprio mundo. O mundo da Cotia, sujo seu prazer estético é ter um orgasmo  bem no centro do Campo de Santana.  Sim, o campo de Santana já teve cotias. E como diria o Nelson, a cotia amando tem o mesmo prazer que nós temos no quinto ato do Rigoletto. Quando assisti pela primeira vez o Rigoletto e cheguei a seu quinto ato, finalmente entendi onde Nelson queria chegar. Tive um acesso de riso e quase fui expulso do teatro.

Por isto hoje fotografo o momento e vejo nele toda uma realidade.

Saio as ruas, sento em um café, vejo as pessoas e o mundo que me cerca e em segundos a imaginação se faz presente trazendo em seu bojo a inspiração que tanto necessito para escrever. As histórias e os fatos estão todos à nossa frente. Na forma de se passar o cream cheese no bagel, de se acompanhar as primeiras noticias em um jornal, de chupar sem resquício de culpa ou pudor o dedo banhado na manteiga, de estar feliz no ocaso de sua vida pelo simples fato de poder compartilhar mais um minuto com o companheiro de tantos anos, de deixar os detrito de muffin para que os pássaros possam saciar sua fome mesmo sendo proibido o fazer, de se falar baixo ao celular sem que a sua companheira tome conhecimento do que está acontecendo, de mesmo ao fundo sacar o que esta acontecendo longe de si, de procurar uma mesa inexistente com o café fumegante em sua mão, de não entender por que cargas de água está sendo fotografado por um estranho, de conseguir manter seus caros tênis sempre  branquinhos, de ser focalizado mesmo se estando em um segundo plano, de conferir o estado de suas unhas e até do pássaro que perdendo o medo de seu dessemelhante o olha com a altivez da superioridade a ele conferida como um ser que pode voar e nós não. Enfim, existe uma história em cada cena, cabe a nós captá-la.

Quanto menos profunda for a sua divagação, mas perto da realidade você se situará. Tudo é simples, somos nós mesmos que as complicamos, tentando ver em tudo aquilo que nos cerca, uma razão. as coisas são porque tem que ser. e nem sempre existirá uma razão para tal.

Razão tinha mesmo o Nelson, o Bretch era uma besta!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

ELAS


Quem acompanha o que escrevo, sabe do respeito que tenho para com a mulher. Suas capacidades já foram devidamente testadas e sobejamente comprovadas. Cristina, minha mulher é o exemplo que tenho a meu lado. Mas infelizmente no Brasil, aquelas que detiveram o poder em suas mãos, não se saíram muito bem, até aqui. Ou alguém já se esqueceu da Zélia, da Erundina, da Martha, da Rosanne, da Rosinha e da Benedita? Agora temos a Dilma...

Sou daqueles que ainda crêem que a mulher é o inicio de tudo, embora existam alguns que pensem ser ela o fim de tudo também. Discordo destes últimos, bem como que Eva tenha saído de uma costela de Adão – aquele criado a imagem do SENHOR - ainda mais que a disparidade de idade entre Adão e Eva, se isto foi verdadeiro, seria enorme. E se foi, talvez foi este o problema erigido entre ambos, que os levou a serem expulsos do paraíso e gerado a Caim, que matou Abel e se transformou no único elo entre os dois primeiros humanos e o resto de toda a humanidade. E talvez por isto sejamos capazes de fazer as atrocidades que nem os animais seriam capazes de fazer. Todos descendemos de Caim... Logo, a geração de todos os problemas iniciais, não foi a serpente e muito menos a maçã. Estes foram os ELES daquela época... Nós criamos nossos próprios problemas e imputamos aos outros, a existência dos mesmos.

Com exceção da Zélia um produto criado, talvez numa noite de insatisfação, por Fernando Collor de Mello as outras foram problemas criados por nós. Ou pelo menos por aqueles que nelas votaram. Não foi culpa delas terem chegado ao poder como chegaram. Nenhuma revolução lá, as colocaram. Foi feito o exercício do voto e como ele é obrigatório e nem sempre sério, as elegemos, como ao cacareco, ao macaco, ao palhaço e aos jogadores de futebol.

Tanto as comunicadoras de massas como Xuxa aqui como Oprah nos Estados Unidos, seriam eleitas se assim o desejassem. E dificilmente se sairiam pior dos que as citadas, pois, elas abriram seus próprios caminhos. São o que são pela capacidade que possuem de atrair as atenções de milhões, em diversas faixas etárias e sociais. Hoje temos outra mulher no poder fabricada por um governante brasileiro, só espero que ela tenha melhor desempenho que a Zélia. E para esta foi dado o poder total. E aí me pergunto. Qual a experiência que ela teve dirigindo um estado, uma cidade, um município ou mesmo o edifício que habita? Aqui não é uma questão de opinião. Trata-se de um fato. Sua ideologia política muda, já que da guerrilha ao poder, trabalhou para dois partidos, seguindo sempre aquele que estivesse no momento mais chegado ao poder. Disse que seu grande ídolo é o presidente Lula. Isto me assusta, já que o meu é Einstein. E como existe uma diferença gritante entre os QI dos idolatrados, temo pelo que possa nos acontecer. Diga-me quem são seus ídolos e eu direi quem és. Esta não é de minha vó Adelina. Acabei de inventar.

Não estamos agora discutindo sobre imaginários ELES. Foram grupos unidos de brasileiros que colocaram a Marta, a Erundina, a Rosinha, a Benedita no poder. Como foi o poder que demos a Collor que colocou a Zélia no ministério, Lula a fazer Dilma trocar de andar no Palácio da Alvorada e o Sarney a fazer sua filha com sucessora em seu reinado no Maranhão. Embora ele seja um senador eleito pelo Acre...

O machismo brasileiro, advindo de seu predecessor o latino, é evidente, mas neste caso foram estas mulheres que mancharam a imagem da administradora. Não foram ELES, foram todos os que votaram; homens, mulheres e simpatizantes. Brasileiros que deixam de ir a praia para entrar em uma fila, obrigados que são a votar. E por isto as vezes usam da sacanagem para demonstrar suas respectivas imaginações.

A sucessora de Dilma no ministério não durou um segundo sequer. Tão logo assumiu, aprontou. Ou certamente já vinha aprontando mas tinhas as costas quentes. Quando suas costas lhe deram as costas, ficou nua e visível. E a vaca – nunca é o boi, vocês notaram? - foi para o brejo.

Alguns afirmam que ela não termina o mandato. Que está ali para cumprir um mandato tampão e assim sedimentar a volta de seu antecessor, que precisava oficialmente de um afastamento momentâneo.  O vice-presidente no Brasil, assumiu definitivamente a posição do nada. Por não ser do PT, foi destituído de seu direito de assumir o governo numa questão de necessidade definitiva. Então para que elegê-lo? Trata-se de mais uma despesa desnecessária. Bastava deixar claro. Se a presidenta sair, o homi” volta. Quem sabe ela não ganharia por uma vantagem maior de votos?

Somos o que somos e merecemos o que recebemos de volta. Espero apenas que esteja errado e a dona Dilma surpreenda a todos. Afinal, o Brasil sempre foi o pais das grandes surpresas. Mais uma, menos uma... Outrossim, esta pelo menos, nos traria algum prazer.