domingo, 13 de fevereiro de 2011

O PAIS QUE NÃO QUER SE TORNAR SÉRIO

Uma vez, o estadista francês, o general Charles de Gaulle - herói militar nos anos 40 – em um de seus raros momentos de bom humor, comentou “ser impossível governar um pais que tem 246 espécies de queijos”. Porém, querendo ou não a França com toda a sua variedade de queijos, fedidos e cheirosos, foi até a pouco, a mais democráticas nações da humanidade. Foi? Exatamente isto que vocês acabaram de ler. Ela foi. Não é mais!  Pelo menos a maior.

Pois, mal ele sabia, que do outro lado do Atlântico, um pais que ele um dia julgou com rara propriedade não ser sério, que se tornou independente em Setembro de 1822, mas só foi devidamente reconhecido em Agosto de 1825, assumiria o lugar até então ocupado pela nação que um dia o general tirou do domínio nazista e a dirigiu anos depois. Sim este pais meus parcos leitores, é o Brasil. E por que? Porque temos uma assembléia constituída da forma mais democrática possível.

Sim, escrevi e aqui repito.  Temos a mais democrática e representativa assembléia do mundo. Ela é formada por jogadores de futebol, palhaços, lutadores de boxe, artistas televisivos, cantores, domésticas e até políticos.

Mas voltando ao citado general, a meu ver ele não tinha na modéstia seu maior predicado e um dia saiu com uma destas: “a história tem os seus momentos, e eu sou um deles”. Pois bem, diria que no caso de nosso ex-presidente Lula – outro que nunca pareceu nutrir qualquer relação com a modéstia - isto poderia ser igualmente ressaltado. Outrossim, de forma diametralmente oposta. O general representava à aquela época a consciência do povo francês. Lula, recentemente, e da mesma forma, a inconsciência coletiva de outro povo, o brasileiro.

Por odiar a transparência e por ser dotado de uma completa falta de recato, Lula e seu partido se valem das velhas palavras do filósofo popular Tim Maia, que dizia que o Brasil nunca iria para frente, porque nele “prostituta se apaixona, cafetão tem ciúmes e traficante se vicia”, para levar adiante o seu projeto de uma democracia morena de cabresto, onde as pessoas são compradas pela barriga e pela não noção de seu endividamento próprio. Hitler fez isto na Alemanha dos anos 30 e Perón na Argentina dos anos 50. E colou. Porque não colaria em um pais que nunca conseguiu se ausentar do eterno estágio de um dia ser o do futuro?

Estamos mais do que nunca atolados por uma corrupção que além de endêmica, parece incurável. Como a Dengue no Rio de Janeiro, ano apos ano, ela volta em distintos aromas e sabores. A gente sabe que ela vai voltar e nada é feito. Tudo se transforma no malogro da razão. Uma vez li uma pergunta feita pelo jornalista Zuenir Ventura: “somos o pais do futuro ou à beira do abismo”?

Outro dia reli este seu artigo chamado um pais do isso e do aquilo. No mesmo, o brilhante jornalista aviva a memória de todos da transformação nos morros cariocas onde malandro vira traficante e trabalhador é visto como otário e para tal apresenta um pensamento que acho amplo e irrestrito  do antropólogo Roberto Da Matta: “o Brasil não é um pais dual. Não opera com lógica de dentro ou fora; do certo ou errado; do homem ou mulher; do casado ou separado; de Deus ou Diabo; de preto ou branco”. Logo, como diria o Zuenir, é um pais do isso ou aquilo.

E o isso ou o aquilo nos leva a ironia como forma de protesto e palhaços e desportistas são eleitos para nos representar e fazer as novas leis de um pais que acredita que tem futuro. Está certo que se houver uma Copa do Mundo de Futebol entre os poderes legislativos das maiores nações, sob o patrocinado da ONU, o Brasil terá o melhor ataque, formado em seu centro por Bebeto e Romário. Se houver brigas em campo, ganharemos na porrada, pois, o Popó estará lá para garantir a integridade física de seus companheiros. Pena que o Clodovil tenha falecido, pois, se assim não o fosse, teríamos também os mais charmosos uniformes da competição.

E ainda tem gente que pensa que o Brasil deva ser levado a sério. Deveria na verdade, mas não é, justamente pelas atitudes daqueles que votam. Os mesmos que um dia votaram no índio Juruna, no macaco José, no rinoceronte Cacareco e no sindicalista que hoje usa terninho do Armani.

Tudo isto apenas prova que o Brasil parece não querer se tornar sério.