Algum de vocês ouviu falar de Gilbert Keith Chesterton? Não
acredito que muitos, pois, ele viveu até a primeira parte do século
passado e na Inglaterra. Mas o príncipe dos paradoxos, como era
reconhecido na imprensa dos vassalos de sua majestade, tinha pensamentos
e frases lapidares. Uma das quais me marcou muito, foi aquela que
dizia: "Ladrões respeitam propriedades. Eles simplesmente desejam que
elas sejam suas, e assim desta forma, a respeitarão mais". O que explica
a onda de escândalos impetrados por nossos nossos políticos. Eles amam
o Brasil, por isto querem se apropriar de tudo que é dele.
Mas
não é disto que quero falar. Vou me ater a outra de suas frase, aquela
que remarca uma lema divino: "Deus nos manda amar a nosso
inimigo como ao nosso próximo, porque são provavelmente os
mesmos".Quando Deus criou este lema de amar o próximo, o fez certamente
quando ainda era um ser solitário. Não havia criado ainda aquilo que um
dia seria reconhecido como o vizinho.
Imaginem vocês que na maioria das vezes compartilhar uma casa com uma família é duro. Um quarto com um irmão, um tormento. Uma cama com uma mulher conhecida na noite anterior, um desastre. Agora pensem o que é se dividir as áreas comuns de um prédio com 420 apartamentos com pessoas com as quais não existam afinidades familiares e muito menos laços afetivos ou mesmos sexuais. De maneira genérica ou sucinta é impossível.
Qualquer tipo de arte é difícil. Por isto a arte é considerada apenas para algo que demonstre estar, fora dos padrões normais. Pois bem, a arte de viver, talvez possa ser considerada uma das mais difíceis. Outrossim, eu diria, sem medo de estar cometendo um exagero, que a de conviver, me parece atualmente impossível.
É da proximidade que nascem as discordâncias, os atritos, os crimes. Impossível se odiar alguém em Tegucigalpa. Mas aquele que entra no elevador, que mora no apartamento ao lado e gosta de ouvir o Michel Teló no último ponto que um aparelho de som possa ter, você o quer matar. Assim como a vizinha, com aqueles seus dois cachorrinhos frescos, cheios de pompons e laçarotes, mas que babam constantemente em seu pé, e ela acha tão simpático. "Ainda bem que o senhor gosta de cachorros", tem ainda ela a desfaçatez de comentar.
Impossível se pensar em amar o seu próximo se ele é seu vizinho. Como a sogra, ele em determinado estágio de sua vida, lhe é imposto. Como uma penitência. Uma provação. Ninguém lhe pergunta se você o quer. Ele cai em sua vida de para-quedas. E quanto mais dotado de amenidades for o edifício que você escolheu para morar, pior se torna sua convivência com os seus vizinhos. Pois existe aquela coisa horrenda, chamada ára comum. Outrossim, se a coisa fosse limitada a um corredor, um elevador, um hall de entrada e uma garagem, poderia até ser suportável. Mas quando a isto é somado, uma sala de ginástica, um bar de piscina, a própria piscina, um salão de festas e a praia à sua frente, o atrito se torna quase que obrigatório. Em alguns destes pontos ele há de acontecer. E o pior de tudo. Você paga um condomínio exorbitante para manter estes pontos de atritos. Pois afinal o sindico respeita a sua propriedade e como o ladrão a quer para si para respeita-la ainda mais. Afinal o sindico é eleito e como tal, um politico...
Quem não acredita, que compareça a uma reunião de condomínio. É pior que uma mesa de negociações entre as duas Coréias. Todos querem prevalecer seu ponto de vista e sempre que possível, objetar o pedido alheio. Afinal, se há qualquer interesse esboçado por qualquer vizinho, todos serão contra.
Dizia minha vó Adelina, que lixo atrai lixo. Pois é, vizinho também atrai vizinho...
Imaginem vocês que na maioria das vezes compartilhar uma casa com uma família é duro. Um quarto com um irmão, um tormento. Uma cama com uma mulher conhecida na noite anterior, um desastre. Agora pensem o que é se dividir as áreas comuns de um prédio com 420 apartamentos com pessoas com as quais não existam afinidades familiares e muito menos laços afetivos ou mesmos sexuais. De maneira genérica ou sucinta é impossível.
Qualquer tipo de arte é difícil. Por isto a arte é considerada apenas para algo que demonstre estar, fora dos padrões normais. Pois bem, a arte de viver, talvez possa ser considerada uma das mais difíceis. Outrossim, eu diria, sem medo de estar cometendo um exagero, que a de conviver, me parece atualmente impossível.
É da proximidade que nascem as discordâncias, os atritos, os crimes. Impossível se odiar alguém em Tegucigalpa. Mas aquele que entra no elevador, que mora no apartamento ao lado e gosta de ouvir o Michel Teló no último ponto que um aparelho de som possa ter, você o quer matar. Assim como a vizinha, com aqueles seus dois cachorrinhos frescos, cheios de pompons e laçarotes, mas que babam constantemente em seu pé, e ela acha tão simpático. "Ainda bem que o senhor gosta de cachorros", tem ainda ela a desfaçatez de comentar.
Impossível se pensar em amar o seu próximo se ele é seu vizinho. Como a sogra, ele em determinado estágio de sua vida, lhe é imposto. Como uma penitência. Uma provação. Ninguém lhe pergunta se você o quer. Ele cai em sua vida de para-quedas. E quanto mais dotado de amenidades for o edifício que você escolheu para morar, pior se torna sua convivência com os seus vizinhos. Pois existe aquela coisa horrenda, chamada ára comum. Outrossim, se a coisa fosse limitada a um corredor, um elevador, um hall de entrada e uma garagem, poderia até ser suportável. Mas quando a isto é somado, uma sala de ginástica, um bar de piscina, a própria piscina, um salão de festas e a praia à sua frente, o atrito se torna quase que obrigatório. Em alguns destes pontos ele há de acontecer. E o pior de tudo. Você paga um condomínio exorbitante para manter estes pontos de atritos. Pois afinal o sindico respeita a sua propriedade e como o ladrão a quer para si para respeita-la ainda mais. Afinal o sindico é eleito e como tal, um politico...
Quem não acredita, que compareça a uma reunião de condomínio. É pior que uma mesa de negociações entre as duas Coréias. Todos querem prevalecer seu ponto de vista e sempre que possível, objetar o pedido alheio. Afinal, se há qualquer interesse esboçado por qualquer vizinho, todos serão contra.
Dizia minha vó Adelina, que lixo atrai lixo. Pois é, vizinho também atrai vizinho...