segunda-feira, 9 de abril de 2012

TALVEZ NÃO SEJA TÃO RUIM SE MORRER ANTES DA HORA

Depois de mais uma disputa olímpica que deixou mais uma vez claro, que carecemos de organização olímpica - à exceção do voley - estamos prontos para sofrer e definhar aos poucos, com esta seleção de Mano Menezes, que até aqui parece estar mais para bando, do que propriamente para um time de futebol.

"Nunca é bom se morrer antes da hora", já dizia minha vó Adelina. Pois bem, o que a nobre senhora queria dizer, é que se preocupar com um assunto que vai vencer muito â frente, nem sempre é salutar. No presente problema, 10 meses para um mini Copa, a das Confederações e a seguir uma de verdade, a do Mundo. Eu diria, que assim como toda história tem dois lados, todo fato o tem também.

Existiu um brasileiro que morreu antes da hora e gostou muito de fazê-lo, pois, teve conhecimento ainda em vida de como era querido. Seu nome, Gonçalves Dias.

Poeta brasileiro que virou nome de rua, Antônio Gonçalves Dias que chegou ao sucesso com seu poema Canção do ExÍlio e é o patrono da cadeira de número 15, da Academia Brasileira de Letras, estava enfermo e se dirigiu para a Europa, pelo único meio de transporte que existia em sua época, o navio. O Grand Conde teria que percorrer os 55 dias que separavam uma viagem do Rio de Janeiro a Marseille. E no caminho, foi noticiado como um de seus passageiros tenha falecido. Imediatamente o nome de Golçalves Dias foi lembrado. Estava doente, tinha idade, era brasileiro... Era o ano de 1862. E como fofoca no Brasil desde os tempos imperiais era a única coisa que voava, a  morte do grande poeta, se tornou verídica e foi trazida pelos ventos.

Consternação geral. Luto decretado por Don Pedro II. Homenagens e mais homenagens prestadas a aquele que representava uma das maiores perdas literárias do universo. Mas era necessário se trazer o corpo de tão ilustre personalidade. Um brasileiro e acima de tudo, um patriota brazilianista. Quando este - o corpo - foi reclamado, Gonçalves Dias que de morto não tinha nada, mandou seu recado em uma longa missiva que heroicamente tinha assim o seu início:  "É mentira, não morri nem morro, nem hei de morrer nunca mais"!

Pois bem, Gonçalves Dias teve o prazer impar de poder ler seus obtuários, e ter a consciência de sua importância histórica. Sentiu que eram seus amigos e os que não eram. Qual era seu real valor dentro do Império. Outrossim, não pode cumprir sua promessa, pois, quando decidiu a voltar ao Brasil, a bordo do Ville de Boulogne, dois anos depois, foi o único de seus passageiros que não conseguiu sobreviver ao naufrágio, a poucas centenas de metros da costa de Guimarães, no Maranhão. Estava trancado em seu camarote. Seu corpo nunca foi resgatado, talvez vitima dos tubarões, ou quem sabe um sequestro levado a efeito por Neptuno, cujo reino carecia de poetas ufanistas. Outrossim, o mais pitoresco da questão é que ficou provado que a sina de Gonçalves Dias era morrer, antes ou depois, no mar, a beira da praia.

Vejam as travessuras do destino. O iniludível fato de ser no mar, este mesmo mar que foi tema de várias de suas odes poéticas.

Comentei com vó Adelina o que tinha aprendido no colégio sobre o que acontecera com Gonçalves Dias e como nem sempre é ruim se morrer antes da hora, ao que ela respondeu me mandando ler suas poesias, que em sua opinião, igualmente iriam me fazer querer morrer antes da hora...

O que está acontecendo com a seleção Brasileira é mais ou menos parecido. Estamos morrendo antes da hora. Mas neste caso com razão. Cada dia estamos mais perto de uma disputa de Copa do Mundo no Brasil, e não temos sequer um time. Testados já foram 11 os goleiros. E eu pergunto quem seria o titular? Este guri que defendeu nossas cores nestes últimos jogos? Eu espero que não! A defesa está montada. Tanto a titular como a da reserva. Resta agora fazê-la jogar para que ela possa aprender a se entender.

Definidos estes 11 elementos, três goleiros e 8 defensores, temos que escolher os próximos 11. Na verdade já o temos, mas chega de testes. É colocar eles para jogar e se entender. Para que se convocar Jonas? Será que Damião e Pato já não estão aprovados. Neimar, Lucas e Ramires, igualmente parecem estar na lista final. Assim sendo só precisamos de 6 nomes a mais. Talvez cinco, pois, o Mano Menezes, é o único ser humano impressionado com o fato que o Hulk foi artilheiro no Porto... Três volantes e dois nomes de criação. A gosto do freguês, pois, para esta posição temos mais de dez nomes plausíveis. Logo qual seria o problema? O problema é que o treinador ou gosta de fazer média com os empresários e os patrocinadores, ou é dado a muita indecisão. E em qualquer das duas situações, isto não nos serve.

Lembro-me de quando convocaram o João Saldanha, para tentar remendar o insucesso de 66, ele já em sua primeira entrevista escalou o time. Que com o tempo se modificou.  Evidente. Mas para se modificar, a gente tem que primeiro ter algo que possa ser modificado. Hoje sinto que a exceção do Neimar e mais um ou dois, poucos são aqueles que se consideram titulares. Menos ainda aqueles que pensam fazer parte de algo. De um time. De um grupo. Jogam qual um aglomerado; mais para o lado, do que propriamente para a frente. E pensam que a manutenção da bola, nos fará ganhar o jogo na hora que decidirmos. Balela. O Barcelona tem sempre mais de 60% de posse, mas joga para a frente. Nós para o lado e muitas vezes para trás.

Não é a toa que a FIFA não considere o Brasil hoje, entre as dez melhores seleções do planeta. Somos o décimo terceiro na classificação geral. Atrás da Grécia. Da Dinamarca. Da Croácia. Vejam onde o senhor Mano Menezes nos colocou com toda aquela sua verborragia e excesso de experiências, para agradar a gente sabe exatamente quem.

Pode-se dizer, de forma figurada, que Gonçalves Dias pelo menos nadou, nadou e conseguiu morreu a poucos metros da praia. Melhor que a seleção do Mano Menezes, que está longe ainda de poder vislumbrar o continente... E nós estaremos morrendo antes da hora.