sábado, 6 de novembro de 2010

DISTINTAS PREOCUPAÇÕES


Os tempos são outros, mas por mais incrível que possa parecer, as pessoas são as mesmas. Não elas propriamente ditas. Mas a forma como se comportam depois de séculos de pretensa evolução. Os estudos recentes da ONU, simplesmente comprovam o que eu seu, você, e 44% de nossa população tem plena certeza: a educação no Brasil é fraca. É um zero a esquerda. A começar de nosso presidente que deveria ser um exemplo, mas que é o primeiro a afirmar que ler não é importante.

Resta saber se para um governo populista como este implantado nestes últimos 8 anos, é negocio alfabetizar a massa e criar uma opção dela um dia pensar... talvez não...talvez seja melhor deixar como as coisas estão...fomentar seu crescimento populacional e mantê-la submissa às diversas bolsas esmolares. Mas voltemos ao Brasil de outrora.

Vejam a observação de Câmara Cascudo sobre algo que foi escrito por Henry Koster e publicado em 1816 em Londres. Koster era um britânico que conheceu o Brasil no ano de 1809. Sobre o seu interessante trabalho batizado como Travels in Brazil, Cascudo foi contundente em sua análise: “O depoimento de Koster é o primeiro, cronologicamente, sobre a psicologia, a etnografia tradicional do povo nordestino, o sertanejo no seu cenário...

Escreveu Koster: “... os sertanejos são corajosos, sinceros, generosos e hospitaleiros. Quando se lhe pede um favor, não o sabem negar. Entrando em negócios de gado, ou qualquer outro, o caráter muda. Procurarão enganar-vos, olhando o sucesso como prova de habilidade, digna de elogio...

Não seria esta característica descrita por Koster, há mais de 200 anos atrás, aquela mesma eterna vontade brasileira, externada nos dias de hoje, de querer levar vantagem em tudo? A pretensa crença de que a malandragem é sinônimo de inteligência? Que a vida, dispensa a escola, pois, na visão dos mesmos só a vida é a verdadeira cátedra de formação do ser humano? Que bobo, é exatamente aquele que age sempre temendo a lei?

Não consigo me lembrar do nome do filme. O vi na televisão. Mas me lembro da cena e de um dos atores, o Reginaldo Farias. Uma multidão se aglomera afora da portaria de um edifício em Copacabana, onde a policia fora chamada para coibir um ti-ti-ti em um dos apartamentos. Retirados, pela policia, os três envolvidos no rebu: o amante, a amante e o marido traído. E as reações daqueles que assistiam a cena, não poderia ser outra, tratando-se de brasileiros. O marido é chamado em coro de corno, a mulher de puta e o amante recebe uma grande ovações. Resumindo, o prêmio a aquele que esperto, leva a maior vantagem em tudo.

Enumeras são as descrições de viajantes estrangeiros, que passaram por terras brasileiras na época que éramos ainda Reino Unido. E todos, sem exceção notaram que a economia extrativista e dependente de um sistema escravagista em que o Brasil se mantinha mergulhado, fazia com que as pessoas se tornassem indolente e desmotivadas para com o trabalho.

O brasileiro não é indolente. É um povo trabalhador. Embora seja o único no planeta a trabalhar 12 meses e ganha 13. Mas se lhe derem a sardinha e a cerveja, deita na rede e espera pela nova remessa. E isto é o que está acontecendo em grande parte do território brasileiro. Principalmente nas regiões do interior do Norte e do Nordeste. Preocupa-me se um dia estas benesses forem cortadas, por que não se pode imaginar que elas serão para sempre. Não há imposto que agüente! O que farão estas pessoas? Virão para os centros urbanos, esmolar, roubar, matar?

O sistema da produção está sendo abandonado no Brasil e substituído pela o da doação. Exulta-se o pré-sal, mas ninguém se preocupa com o tripé básico de uma nação: saúde, educação e segurança.

Será que só eu acho isto importante?