quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

A TROCA DO FORMADOR DE OPINIÃO PELO VENDEDOR DE OPINIÃO

Sou ainda do tempo, em que haviam os formadores de opiniões. Eram os críticos. Você tinha o prazer no fim de semana de abrir o New York Times, ou o Estadão e tomando o seu café, passava a curtir a opinião de gente que você acreditava valer a pena ler. 

A verdade é que a critica, neste tempo - e eu estou falando dos anos 60 e 70 - desempenhava papel fundamental no cotidiano da política, do esporte e principalmente da cultura. Cabia então aos interessados, apenas separar o joio do trigo, mas tão somente depois de ouvir, ler e pensar, o que aquelas pessoas cuja opinião lhes interessavam, haviam comentado. 

Pois bem, esta interação crítica está cada dia a mais se extinguindo no Brasil. Hoje estes críticos são cada vez menos ouvidos. Afinal, poucos fazem caso de suas opiniões. Eles vivem aquele período  de uma pré extinção.

Vivemos outra era: a dos vendedores de opinião. Quanto maior for o poder financeiro, mas seu produto é exposto e melhores são os meios de comunicação que os espoem. O conformismo, para mim, uma das mais tristes manifestações humanas, acabam tomando conta de uma população, que passa a comprar e usar, aquilo que a mídia lhe impõem. A  tênue complacência e a falsa auto satisfação, passam a cumprir um papel imperativo na sociedade atacada pela mesma.

Será que todos tem que usar carros produzidos pela KIA, deverão ter suas contas bancárias no Itaú e lerem livros de uma editora. Vejam o cumulo, o Brasil é reconhecido como um dos países dos menores índices de leitores. Mas nas novelas da globo, todos leem, até a vendedora de Hot-Dog, que mal consegue se expressar corretamente em seu idioma pátrio e tem uma filha que age qual uma troglodita.

O vazio deixado pelos formadores de opiniões, expulsos pela força da publicidade, diminuíram sensivelmente a capacidade das pessoas raciocinarem e passarem a ser induzidas por imagens, que não só aceleram os reflexos condicionados de um publico despreparado, como arregimentam hordas de incautos, que com o tempo se tornam vitimas de usar aquilo que não foi feito para eles.

Na política, até as uniões de partidos de ideologias distintas, se tornou uma praxe no Brasil, principalmente em anos eleitorais, quando a luta pelo minutos de propaganda a procura de votos, na televisão, representa mais do que a idéia que este ou aquele queira expor.

O resultado disto tudo é a "disindividualização" do ser. Ele deixa de ser um indivíduo e se torna massa sujeita a manobra. O resultado de toda esta nova ordem de comportamento, é o ser humano ser trazido de volta as eras primitivas de nossa civilização, onde a magia, a crendice davam vazão a paixões e desvairos.