sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O CANASTRÃO MOSTRA FINALMENTE A SUA CARA

Como arquiteto passei a ser uma pessoa observadora. Ou melhor, observador creio que sempre fui – pelo menos é o que garante minha mãe - mas a profissão me fez aguçar este sentido. Logo, me tornei, por assim dizer, um elemento mais observador, embora sempre tenha que se levar em consideração que mãe mente. E mente que nem herdeira ao trono no Brasil: muito!

Que seja, o importante é que no momento que passei a escrever, aumentei mais ainda, esta capacidade de prestar a atenção em tudo que me cerca, pois, muitas coisas acontecem a sua volta. É necessário apenas se prestar atenção. Olhos e ouvidos atentos – ao contrário de nosso atual presidente, que nada ouve e nada vê, mas em compensação, fala besteira para burro.

Escrevo esta pequena nota – que talvez não será tão pequena - a bordo de uma avião da TAM. Aquela que alguns chamam de Transportes Aéreos de M..., o que discordo. Pra mim, o que faz uma empresa aérea é a qualidade e a limpeza dos aviões, a pontualidade e o atendimento dentro e fora da aeronave. E acredito que nestes itens a TAM esteja acima da media. Comer bem, eu como em casa e alguns restaurantes. Outrossim se viajar para o Brasil pela TAM está, cada dia a mais se tornando uma aventura. Como viver no Brasil do PT, o é também. Mas voltemos aos trilhos, dizia que viajar por esta companhia aérea é como viver uma cena de ação a la Indiana Jones principalmente se seu porto de embarque é New York ou Miami, centros altamente visitados pelas sacoleiras e pelas jovens mães de primeira viagem. Mas vamos ao que realmente interessa.

Sou como minha vó Adélina. Daqueles que acreditam que missa se espera na igreja. Logo, se o vôo é as dez, chego ao aeroporto as 7, embora desde a muito tempo me recuso a levar bagagem. Só o faço quando viajo acompanhado de minha mulher. No mais, apenas uma pequena mala e uma outra para o computador e os documentos. Mas viajar em companhia aérea brasileira principalmente saindo de Miami, eu aconselharia que você chegue com um mínimo quatro horas de antecedência para evitar a fila. Ou melhor aglomerado. Pois, a fila de brasileiro, não é retilínea como a dos povos no hemisfério norte. É sinuosa, robusta. Não se sabe seu começo, muito menos o seu fim. A grande vantagem é que nelas todos conversam, se conhecem, trocam dicas de onde comprou isto ou aquilo. Lugar certo para se fazer amizades. E para sua perplexidade mesmo que o vôo esteja cheio, a fila sempre existirá. E vocês sabem porque. Porque pode não estar cheio de gente, mas certamente vai estar cheio de malas.

Cada brasileiro tem em media a sua volta, de 4 a 5 volumes para ir no bagageiro e uns tantos outros para carregar consigo para dentro da aeronave. Mas nem isto é na verdade a razão do atraso no check in. O problema crucial é que quando chega na hora de pesar as malas, entra o processo do remanejamento. Pessoas se ajoelham, abrem suas malas e é um tal de tira de uma, e se coloca na outra. Pesa-se, novamente. Não deu! Tira de novo e coloca em uma das de mão. E assim o simples ato de fazer seu check in, transforma-se em um processo moroso para não se caracterizá-lo de perene. Terminada a faina, vem a conta. Sim, hoje cada mala que excede em peso ou em quantidade tem uma taxa a ser paga no balcão. Ou teria, no caso da American, da United ou mesmo da delta. Porque com companhia brasileira é diferente: tem jeitinho.  Está é exatamente a hora que o personagem principal dá entrada no palco. É a hora em que o passageiro, “chama o Aranha” ou o nome do gerente em plantão, naquela manhã no aeroporto. Afinal, brasileiro que se preze, tem sempre um amigo cujo primo é vizinho da cunhada, da irmã da tia do gerente de uma companhia aérea brasileira no exterior. Tá escrito no caderninho. Inclusive a cachaça de sua preferência ou o remedinho que não existe nos Estados Unidos. Ai vem o Aranha, sorridente é claro, e a cena tem seu inicio. Ele começa a falar baixinho e as malas excedentes sempre acabam passando.

Chega a sua vez. Você avança, entrega sua passagem e passaporte e a senhora que o atende pergunta se você irá despachar bagagem? Você responde que não. Ai ela pergunta o que vai consigo a bordo? Você mostra seus dois pequenos volumes e ela pede que os pese. Você os pesa e quando a balança dá para os dois pequenos volumes um total de 12,5 quilos ela sorri qual o vampiro de Dusseldorf, ou o nosso nefando presidente quando vê uma branquinha. E, desta forma afirma categoricamente, babando de felicidade: O senhor ultrapassou o peso permitido que são 10 quilos. Terá que despachar uma das malas.

Logo, você que pouco, ou quase nenhum espaço usa da aeronave é penalizado. Primeiro por que não conhece o Aranha e segundo, por que alguém tem justificar financeiramente certas ausências. E nestes casos, nunca aquelas mães que levam seus carrinhos de bebe, seus pacotes de fraldas descartáveis, suas banheiras em formas de patinho ótimas para dar banho em seus bebês. Não como aquelas sacoleiras que trazem consigo malas de nylon que inflam uma barbaridade e são capazes de trazer até um geladeira se necessário for. Não, você é penalizado porque teve o ultraje de ultrapassar em dois quilos e meio o permitido para se levar para dentro do avião.

Ai você chega ao embarcadouro da TAM e vê três corredores, formados por fitas. O primeiro diz clientes preferenciais. O segundo passageiros sentados das filas 27 a 40. E terceiro passageiros sentados da fila 10 a 26. E pensa: Até que eles são organizados. Ledo engano. Primeiramente que se forma uma quarta fila por fora das fitas: são os amigos do Aranha, do Nogueira e do Leitão. Eles são os primeiros a entrar. Chegam até a atropelar aos pobres que são obrigados a se dirigir à aeronave em cadeiras de rodas. Ai na fila dos preferênciais que deveria ser formado pelos passageiros da business, de todo aquele com dificuldades de locomoção, dos idosos, das gestantes e daqueles com crianças pequenas, você vê de tudo. Gordo virou elemento com dificuldade de locomoção. Recém vinda de uma relação sexual, se considera grávida, aquele que senta na fila dez, está tão próximo da business que se intitula no direito de embarcar com eles.

Como sempre pago aqueles 50 dólares a mais, para me sentar em um assento – que a TAM o nomina como assento conforto – que de conforto nada tem, mas que pelo menos possibilita meus joelhos de não serem massacrados pela cadeira à frente, em Miami pelo menos, você tem que descer até o primeiro pavimento, andar 500 metros, para então lá, no fundo do aroporto, pagar e receber seu boarding pass em uma loja da TAM. Sorte é que graças ao Aranha, aqueles tantos que carregam de quatro a cinco malas, não pagam o excesso devido e por isto não estão abaixo na mesma fila pagando a multa.

No avião você se novamente se sente uma verdadeiro otário – coisa que o brasileiro esta se sentindo pelos últimos oito anos e talvez o seja pelos próximos quatro – pois, depois que o avião tem as suas portas fechadas, todos aqueles que não pagaram pelo privilégio de se utilizar do famoso assento conforto, imediatamente avançam e lá sentam. Assim sendo, você tem a plena certeza que apenas você o pagou, deixando assim de pertencer a faixa de viajante e passando a de provedor.

Quando as pessoas param de entrar, aparecem logo aqueles que ficam de pé, de olho nos assentos que mais lhe apetecem, esperando o anúncio do fechamento da porta, para caírem em cima. Andam de um lado para outro como não estivessem querendo nada. Alguns agem em grupo, para maximizarem suas chances de sucesso. Nem que seja a de fugir de um assento no meio e pegar pelo menos um corredor.

Confesso que não vejo com frequência esta ação em outros lugares. Parece-me ser uma típica manobra latina. Pervertida e cínica.

E já que falamos em cínicos e pervertidos, muito me impressionou o depoimento do presidente Lula, ao comentar o ato de ataque ao candidato de oposição à sua herdeira. Sua veemência em acusar de teatral o que aconteceu, usando inclusive exemplos de um goleiro chileno no Maracanã, me pareceu de um desespero atroz. Afinal para quem manipulou as pesquisas e deu como certa uma vitória ainda no primeiro turno para a sua candidata e acima de tudo para quem passou a acreditar que sua popularidade era de 75%, a situação passou do estágio de desconfortável ao de vexatória.

O governo de um pais deveria ter a mesma conduta de uma companhia aérea séria no tocante a pontualidade, entrega de serviços condizentes com aquilo que conta em seu contrato de compra de uma passagem e serviços prestados dentro e fora da aeronave. No caso do governo, seu contrato com o povo: a constituição. Mas eu diria de uma companhia do patamar Swissair, da Lufthansa, da Dubai Airlines. Infelizmente, pelas atitudes demonstradas ontem por nosso presidente e felizmente desmentidas pelas imagens apresentadas pela TV Globo no jornal Nacional consubstanciadas em uma defesa das mesmas por um especialista no assunto, determinam, que o nosso governo, não chega a sequer ao patamar de uma companhia, pelo menos de serviço honesto como a TAM. Está mais para um daqueles caminhões – apelidados de uma forma assaz maledicente como pau de araras - que nosso presidente afirma tê-lo trazido de Garanhuns a São Paulo, juntamente com sua família.

Caro presidente, não se abandona uma cena, por mais triste que ela tenha sido, da forma como o senhor a está deixando. Mesmo que sua herdeira assuma, o senhor pisou na jaca, demonstrou total desespero e o pior de tudo apelou, usando de uma posição que não lhe dá o direito moral de fazê-lo. Até um canastrão se mostraria mais brando e aqui entre nós, o senhor é um artista, que enganou toda uma nação por 7 anos e quase dez meses.