A CONTINUIDADE NOS LEVARÁ AO CAOS

Sou arquiteto, ou pelo menos fui quando exercia minha profissão. Desde cedo me encantei pelo belo, respeitei o bem proporcionado e a cima de tudo tive como diretriz em meus projetos aquela que estava embargada em função. Pois, a meu ver, arquitetura é dar as melhores proporções, para uma função exigida para o uso que se destina. Dito isto, creio que seja licito afirmar que um dos prédios que mais me impressionaram - na não menos impressionante ilha de Manhattan, em New York - foi o da Crysler. Estudei-o em seus mínimos detalhes quando ainda na faculdade e sei que no dia 23 de Outubro de 1929, a ele foi somado aquilo que mais o diferencia dos demais arranha céus, daquela frondosa floresta de pedra: sua cúpula de forma diferenciada, com aqueles adereços prateados. Outrossim, este dia não é conhecido por este efeito arquitetônico e sim por ter sido o inicio de um fim.

Pois é, querendo ou não, todo fim tem o seu inicio. Esta é uma lei de existência fundamental. Você nasce, você cresce, você ama, você reproduz e você morre. Ciclo da vida. Em sendo assim, a bolsa de New York teve uma queda em meados de setembro. A primeira de sua existência em um pais que dava crédito a todo e qualquer cidadão, que emergia da situação de classe pobre a de classe média para comprar casa, automóveis, eletro-dométicos e até para aplicações em ações. O susto foi passageiro. Instantaneamente – mas de uma forma fictícia - se ergueu com a reação de seus brokers, que inteligentemente se utilizaram do fator queda para urgir que seus investidores comprassem mais e mais, pois, havia uma grande oportunidade na queda do preços em um mercado, onde por exemplo, as ações da RCA no início de 1928 quando lançadas a US$40,00, atingiram antes do final do ano, o fantástico valor de US$420,00. O problema é que apenas os pequenos investidores investiam, já que os grandes investidores que participavam do mesmo, em sua grande maioria vendiam. Todo aquele cidadão que sonhava em ter uma melhoria substancial em sua vida, passou a usar suas reservas nesta escalada financeira ao sucesso quase imediato. "There's no way like the american way".

Pois é, o faço uso pela segunda vez. Não existe sucesso imediato, a não ser em caso de loterias. E talvez tenha sido neste período que Rockfellar passou a vender tudo que tinha investido no mercado de ações ao ser argüido pelo engraxate que tratava de seus sapatos, sobre uma determinada ação do mercado, que ele queria investir todas as suas reservas financeiras. Da mesma forma que Grouxo Marx um dia afirmou que nunca seria sócio de um clube que o aceitasse como sócio, o experiente homem do óleo, nunca participaria de um mercado onde aquele que engraxava seus sapatos investia de forma tão agressiva. Mas voltando aos trilhos.

A bolsa reagiu para cair mais uma vez no inicio de Outubro. Novamente a horda de brokers clamou, hora de comprar, pois esta é a segunda chance de se comprar por preços baixos aquilo que um dia valeu muito. E novamente o mercado voltou a reagir de seu segundo knockdown. Como um lutador de boxer, estava grogue mais ainda de pé. Precisava apenas de um tempinho para se recompor. Mas ai no dia 23, ele voltou ao chão com mais intensidade. A contagem que no primeiro fora até 5 e no segundo até 7, agora fora salva pelo gongo. Mas no intervalo o mercado, ainda zonzo, não conseguiu voltar ao round seguinte e a partir do dia 24, o que se via era apenas vender, vender, vender. E o tsunami, colapsou de uma vez por todas no dia 29, conhecido até hoje, como the Black Tuesday (a terça feira negra).

A grande cobiça e o excesso de crédito dado a aqueles que não tinham um respaldo financeiro para cumprir com suas responsabilidades caso fossem despedidos, foram as reais causas da depressão de 1929 nos Estados Unidos. Não apenas a queda da bolsa de New York. Ela foi uma decorrência da situação. Enfim, qualquer que tenham sido os motivos, o certo é que tanto brokers quanto chefes de família suicidaram-se aos borbotões. Famílias inteiras perderam seus lares. Filas para receber sopa abarrotaram as ruas do pais. E mesmo o presidente Hoover – reconhecido como homem de imensa capacidade de organização e planejamento – fazendo o Federal Reserve emitir grana, o Federal Farm Board, comprando a safra excedente para não haver queda nos preços, gente como Henry Ford, que aumentou o salário de seus empregados ao em invés de demiti-los, e os governos estaduais desenvolvendo obras para se criar empregos, não foi possível conter o desespero e o barco foi quase a pique. O desemprego se tornou inevitável, assim como a inadimplência.

O comediante grouxo Marx disse em tom de pilhéria, embora embargado na veracidade de uma situação pessoal: “Tudo que perdi foram US$240,000... teria perdido mais se mais o tivesse”.Na prisão em Philadelphia, não ainda por evasão de taxas, mais sim por porte de arma indevido, Al Capone que era então considerado culpado de toda e qualquer situação negativa que acontecia nos Estados Unidos, ao tomar conhecimento da quedado New York Stock Exchange, tratou de pilheriar: “Eu desminto que tenha sido o responsável”.

E uma lição ficou. Não se consolida um mercado se dando crédito a quem não tem um colateral, pois, caso as coisas encrudeleçam, toda esta pantomima de fazer 36 milhões atingirem a classe media, rui em segundos. Mas a memória é curta, principalmente quando se cobiça e o fato voltou a acontecer tanto nos Estados Unidos, quanto na Europa e na Ásia.

Graças ao plano Real, instituído no governo FHC e consolidado no governo Lula, via o ministro Palocci – que além de ter uma voz excessivamente enfadonha e gostar de bisbilhotar a conta bancária alheia, não me parece dos piores entre os militantes do PT - o Brasil sobreviveu a crise. Tivemos respingos. Outrossim, para tal, muito crédito teve que ser distribuído, com dois fins: de angariar votos e de manter as industrias em um plano de saneamento básico que requer que gente que vive de salário se sujeite a pagar juros ostensivos, para não se dizer famigerados, e assim comprar o que elas produzem. Até quando, ninguém pode precisar. Espero apenas que a história não se repita no Brasil, mas que está cheirando, está...

Um pais cresce com trabalho, não com bolsas famílias (outro projeto implantado com nome distinto no governo FHC e explorado publicitariamente e distribuído de forma não meritória, pela atual gestão) que induzem as pessoas a ficar em casa, já que nada irá lhe faltar. Basta votar em que o homi manda e no fim do mês o cupom estará lá a sua espera. E enquanto isto as pessoas morrem nas filas da UTI dos hospitais públicos. Os cidadãos honestos e crianças são atingidos por balas perdidas da polícia e dos marginais - que nunca conseguem a atingir uns aos outros. O índice de analfabetos não se modifica. As universidades preenchem hoje suas vagas não por mérito intelectual, mas por cor, credo e situação social. O tráfego de narcóticos come solto. Construções em aterros sanitários não são coibidas. Os movimento dos sem terra usam e abusam de avançar por onde decidirem, sempre apoiados pelo atual governo. Temos apagões, embora tenha herdeira ao trono que tem a desfaçatez de afirmar que afirma que foi apenas uma ligeira falha técnica, pela falta de chuvas. E quando as chuvas chegam, as cidades menos aparelhadas sucumbem a elas. Named!

E somando a todas estas anomalias, diríamos que: O presidente da Republica assina importantes decretos sem os ler, pois, sempre deixou claro que ler não é importante. Recrimina o Judiciário por querer levar a ferro e fogo as leis de nossa constituição, principalmente no concernente a normas de eleições. Transforma-se, de uma hora para outra, em um cego, surdo e mudo para com os escândalos que acontecem abaixo de seu nariz. Se alia a outros governantes execrados pelo resto do mundo.Gasta prodigamente qual um Médici em suas viagens, a paises que nem estão no mapa. Cria ministérios e cabide de empregos para a sua base de sustentação governamental. Acha normal pavimentar e melhorar o sistema hoteleiro de Cuba, quando aqui nossas estradas e nosso turismo está entregue as baratas, Afirma que os senado brasileiro é formado por um bando de pizzaiolos, mesmo sendo este senado de apoio total as suas reivindicações. Tem em mente diminuir a liberdade da imprensa – que já não é muita – e se possível transformar o modelo brasileiro, no modelo venezuelano, cujo ditador, seu amigo Chavez, segundo ele – o presidente Lula – foi a melhor coisa que aconteceu na América do Sul desde Simon Bolívar. Named!

Pois é, vou usá-lo pela terceira vez. Mas ontem pela primeira vez observei, quando argüido sobre o veredicto da policia federal em relação ao caso do escândalo da espionagem feita para com os dados de imposto de renda, de candidatos e família de seus mais ferrenhos adversários políticos, o senhor presidente ficar sem resposta. Gaguejou a la dona Dilma. Enrolou, enrolou e nada conseguiu dizer. Pediu à para esperarem até o dia seguinte teve hoje toda a noite para pensar em algo. E, por incrível que pareça, parecia naquele momento sóbrio...

O mesmo presidente Hoover, disse quando assumiu o governo que: “O homem forte tem que estar sempre alerta aos ataques de perigosas doenças. E a mais maligna de todas hoje (e eu diria sempre), é o desrespeito e a desobediência a lei”. E isto parece ser a norma que mais a cúpula da atual gestão desrespeita e desobedece.


A continuidade nos levará ao caos.