domingo, 22 de fevereiro de 2015

CRONICAS SOBRE O MEU RIO DE JANEIRO - O PASSADO

Falo muito em passado e, por incrível que pareça, não sou um saudosista. Por enumeras razões, adoraria ter hoje 25 anos, sabendo o que sei. Aliás, sempre me vi como uma pessoa para frente. Outrossim, resigno-me com a grande realidade: o passado sempre tem razão. E sabem por que? Porque ele não muda.
Porém, embora ele sempre tenha razão, os que o viveram, - principalmente aqueles de décadas distintas - o veem de forma diferenciada. São diferentes interpretações. Minha avó Adelina, dizia que nunca houveram tempos no Rio de Janeiro, como os do inicio do século, quando o prefeito Pereira Passos em 1902, resolveu construir uma Paris a beira mar. Meu pai, pensava de forma distinta. Para ele os anos dourados do Rio de Janeiro foram os de sua juventude, com Copacabana se transformando na Princesinha do Mar. e os Casinos repletos de gente. A inauguração do Copacabana Palace em 1923, foi talvez para ele, o auge e o apogeu daquele bairro, antes só habitado por pessoas com problemas pulmonares. Para mim, o Rio de Janeiro foi o Rio de Janeiro, do final da década de 60 ao inicio da década de 80, onde o cachorro quente do Genial comido na madrugada em frente ao mar, só poderia ser comparado ao sandwich de pernil com abacaxi do Cervantes. deglutido ao amanhecer. Que melhor do que a sopa de cebola do Beco da Fome, era somente a canja que o Sergio Mendes dava lá de madrugada, à espera da primeira barca que o levaria de volta a sua Niterói. De um Arpoador povoado pela Duda Cavalcanti e Odete Lara, a um Veloso cravejado de Tom, Vinicius e Cia. De um Maracanã que comportava mais de 150.000 pessoas e um hipódromo da Gávea, que em dia de Grande Prêmio Brasil, recebia mais de 40.000. Onde o Antonio's recebia de Nelson Rodrigues, que para lá chegar tinha que se utilizar de bondes. Foram os meus anos dourados
Nostalgia é atraso, pois, outra grande verdade, é que o passado nunca volta. No máximo, repete-se. Hoje, o morador do Rio de Janeiro está sujeito a balas perdidas. No tempo de Estácio de Sá - o desbravador, não o bairro - o problema eram flechas perdidas. Tanto assim que ele morreu vitima de uma delas.