É DESTA FORMA QUE PENSO.
A formação de um atleta em países de terceiro mundo, começa ainda na infância, seja ele humano ou equino. No caso dos humanos, nos campos de pelada, nas quadras de volley de praia, nas ondas do oceano e assim por diante. Se colocarmos aros de cestas, na porta de nossas garagens, como os norte-americanos fazem, seríamos melhores em basquetebol, também. Ante, quero deixar claro minha opinião: aquele que vai ser um atleta, tem que adquirir primeiro, intimidade com o instrumento de seu esporte. Seja ela a bola, a prancha e assim por diante. Primeiro você tem que se tornar um artista, induzido pelo amor que você tenha pela atividade e depois formar-se tecnicamente como atleta.
Hoje deixamos de ser no futebol o que éramos, pois desapareceram os campos de várzea e extinguiu-se o futebol de praia. Outros países como a Alemanha, a Holanda chegam onde chegam pela perseverança e organização. Mas para mim, que me desculpem os tecnocratas, a padronização inibe a criatividade. Ela funciona, no sistema de eliminação, no atletismo, na natação e outros que exijam velocidade e precisão, e não criatividade e habilidades naturais. Por isto o bloco da união soviética destacou-se tanto até a queda do muro de Berlim.
Não podemos copiar o modelo alemão, primeiro por que não temos estrutura, respaldo financeiro e organização para tal. Segundo que teríamos que abolir com os empresários, que já escravizam meninos, quando eles tem 10 anos de idade e isto seria como mexer numa casa de marimbondos. Vejam que hoje, até para escolher e comandar o técnico de uma seleção, prefere-se um ex-agente de jogadores. E terceiro, talvez o mais importante em se tratando de nós, que seria a inversão na nossa formação como atletas. Imaginem, se tentar explicar ao Garrincha ou mesmo ao Pelé e ao Maradona, quando eles tinham 10 anos, táticas e posicionamento em campo?
Na Alemanha, antes de possuir habilidade e criatividade, os meninos tem suas cabeças cheias de um aprendizado de técnicas, táticas e regras, que o inibem em sua condição básica, a de improvisar. São autômatos, isto é atletas que cumprem a risca uma demanda necessária para vencer. O compromisso com o espetáculo ou a alegria de fazer parte do mesmo, simplesmente inexistem. Eles chegam lá e levam mais de dez anos para isto, porém, ao primeiro drible desconcertaste de um Messi, a casa desaba. Que me desculpem aqueles que assim não pensam mas o eficiente futebol apresentado pela Alemanha nesta última Copa, foi acima de tudo altamente previsível. A Argentina, com um time defensivo e sem imaginação alguma, diria até que um dos piores times que veio a ser formado, poderia ter sido campeã, se o Messi e o Palácios, não perdem as inacreditáveis bolas que perderam, frente a frente com o goleiro. E se isto tivesse acontecido? Do que estaríamos falando agora?
E então por que os 7 a 1? Mais por nossa incapacidade não apenas pela alta eficiência do futebol alemão. O que o Sabella viu, o Felipão foi sequer capaz de sacar.
E então por que os 7 a 1? Mais por nossa incapacidade não apenas pela alta eficiência do futebol alemão. O que o Sabella viu, o Felipão foi sequer capaz de sacar.
Desculpem aqueles que assim não o pensam, mas o craque é aquele que improvisa. Que faz aquilo que ninguém espera. Que na hora H, cria o inesperado. Nem que seja um gol com a mão de Deus. Hoje não tenho mais dúvidas que vó Adelina estava certa: a ocasião faz o ladrão. O PT que o diga. Nossas necessidades mais básicas, fazem que qualquer guri de zonas pobres, trate a bola como um prato de comida. A necessidade faz o jogador, diria eu. Atualmente tenho plena convicção que se o Brasil tivesse o desenvolvimento dos Estados Unidos em termos sócias, e a grande maioria tivesse acesso ao tênis e as pranchas de surf, nosso futebol seria, como o deles, paupérrimo. As ótimas chances de trabalho, afastariam aqueles com aptidões futebolísticas do profissionalismo. Sócrates e Tostão, seriam exceções, ainda mais acentuadas. Teríamos perdido o encanto? A alegria das pernas? O senso de improvisação?