Existe uma erro quando as vezes, para se tentar defender um ponto de vista, nos atemos ao uso do termo provincianismo. Termo este sempre usado no sentido pejorativo. Termo que define atraso ou pouca visão da modernidade. Considero isto um exagero. Já que provincianismo, é derivado de província, e não creio que todos que moram em uma província, podem ser taxados de atrasados ou retrógrados. Existem sim, diferentes modos de vida, e pessoas que lhe agradam mais o bucolismo da província, que a efervescência da metrópole.
E aqui entre nós, eu que nasci e vivi grande parte de minha existência sob o ar frenético do Rio de Janeiro, sinto que mesmo aqueles que comigo habitam e labutam diariamente na grande metrópole, quando ganham dinheiro, qual são as primeiras coisas que fazem? Compram um barco, uma fazenda ou uma casa de praia. Logo, a solidão do mar, o bucolismo da fazenda ou a paz de uma praia distante, atraem mesmo aqueles que melhor podem desfrutar dos prazeres metropolitanos. Falar de provincianismo é falar da boca para fora.
Lexington, onde morei por mais de 20 anos, outro dia foi taxada de provinciana, por um brasileiro, que no bar de Keeneland, discursava para um pequeno grupo. Sabemos que quanto mais fraco é o cérebro de alguém, mais fortes são seus discursos. O pobre de espírito prefere discursar a falar, para então tentar de forma cada vez mais desesperada, dar algum ênfase as suas ideias e criar em volta delas, aquilo que elas pouco tem, respeitabilidade. E quem nada conhece, num raio de ação de 5 quilômetros, tendo como centro Keeneland, não está apto a dizer coisa alguma, sobre qualquer coisa que seja.
Meu pai me dizia, que no tempo dos seus pais, a moda era fraque e discurso. Nós brasileiros acabamos por abolir o fraque, mas nunca os discursos, e quanto mais ignorante seja o interlocutor, mais ele apelara para o nunca na história deste pais... e de preferência fazendo-o com a mão dentro do bolso alheio.
Meu pai me dizia, que no tempo dos seus pais, a moda era fraque e discurso. Nós brasileiros acabamos por abolir o fraque, mas nunca os discursos, e quanto mais ignorante seja o interlocutor, mais ele apelara para o nunca na história deste pais... e de preferência fazendo-o com a mão dentro do bolso alheio.
Vó Adelina sempre me disse que falar é muito fácil, pois é grátis e exige apenas as cordas vocais. Falar o que tenha nexo - ou seja construtivo -, já é um mais difícil, pois, exige um mínimo de cérebro. Pois é, grande parte dos brasileiros, são reconhecidos, por ter uma acentuada ausência de uma importante parte da massa cefálica. Logo é capaz de falar muita besteira. Principalmente depois de algum incentivo alcoólico. Nosso ex-presidente que o diga...
Entre suas desvairadas observações, o indivíduo citado, clamava que o único edifício alto existente no centro de Lexington - o do banco 53th - era negro e desprovido de qualquer arte arquitetônica. Não estava de todo errado, embora para falar a verdade tenho sérias dúvidas sobre seus gostos arquitetônicos, mas mesmo assim, desde quando um edifício tem que primar por seus dotes arquitetônicos? Como arquiteto que um dia fui, creio que uma edifício deva primar por sua funcionalidade. O Pantheon é baixinho, logo suas colunas tem uma função arquitetônica. A funcionalidade das mesmas, era simplesmente nenhuma.
Se vocês pensarem bem o prédio é uma fatalidade econômica, decorrente da valorização do metro quadrado. Quanto maior for a cidade, mais importante deva ser somado ao custo do prédio, seu benefício. E entre os benefícios, o que menos terá peso, será o do fator arquitetônico. Quanto mais caro for o metro da frente, mais alto o prédio haverá de subir. E mais desproporcional ele há de ficar. Outrossim, não acho que o prédio de muitos andares seja um marco da modernidade, ou prova contundente do avanço intelectual de uma comunidade. Mesmo em Manhattan, no upper east - para mim a zona mais charmosa para se viver naquela ilha - não são os prédios altos que mais atraem os abastados, e sim as casas geminadas de três andares, ou mesmo os pequenos edifícios de mesma altura, que povoam a região das ruas 70 a 90.
Falta de senso estético e desconhecimento de certas gradações de valores é que formam os grandes idiotas, como aquele que declamava. Hábito este muito comum, naqueles que como papagaios, repetem aquilo que um dia lhes foi dito e que principalmente habitam em um ambiente, pobre em conhecimento, acontecimentos, em recursos e até em inteligências. O que na verdade, não lhes permite outra conduta, quando se sentem adaptados e envolvidos a estes ambientes.
Qualquer lugar, atividade ou arte, para mim só é válida, ou assim dizer comovente, se houver uma forma expressão. Não é seu tamanho, ou seu valor financeiro que determinam sua qualidade. Será sempre a expressão que o comove. Seja na pintura, ou na leitura. Na música ou em qualquer projeto. Na criação de cavalos de corrida, que aceito como sendo uma expressiva forma de arte, você como no arranha céu, tem que preservar o caro metro quadrado envolvente na atividade, com uma solução cuja funcionalidade e expressão futura em pista, lhe tragam não apenas prazer, mas também, algum retorno financeiro.
O Brasil é exemplo de algo bonito, mas hoje tão mal dirigido, tão roubado, que temo por sua funcionalidade futura, pois, a conta as vezes tarda, mas sempre chega. E vocês sabem por que? Por que beleza quase sempre conta, mas não creio ser o fator fundamental.
O Brasil é exemplo de algo bonito, mas hoje tão mal dirigido, tão roubado, que temo por sua funcionalidade futura, pois, a conta as vezes tarda, mas sempre chega. E vocês sabem por que? Por que beleza quase sempre conta, mas não creio ser o fator fundamental.