sábado, 11 de agosto de 2012

POR QUE MAIS UMA VEZ NÃO CHEGAMOS A LUGAR ALGUM?



Chegamos sim, ao fim, de mais um jogos olímpicos. Houveram surpresas e confirmações. E de que vive o esporte senão de surpresas e confirmações? 
Surpresas para muitos, foram as atuações de Michael Phelps e Usain Bolt, pois, parte da imprensa internacional, cobrava destes dois grandes atletas, eles já estarem no ocaso de suas respectivas campanhas atléticas. Confirmações, foram as atuações das grandes potências olímpicas, Estados Unidos e China, e mais uma vez a ineficiência brasileira de provar ser capaz, de com a população que tem, conseguir estar entre as mais importantes nações deste universo de jogos. 

Eu acho que uma civilização se faz com costumes. São necessárias gerações para se criar um perfil. A Inglaterra foi um fiasco nas olimpiadas de Atlanta. Reestruturou-se todo o seu programa olimpico, antes mesmo de ser escolhida como cidade olimpica pela terceira vez. O que parecia impossivel, criatalizou-se. O comite olimpico lhe concedeu sediar o evento, e o esporte olimpico britânico, luziu nos jogos deste ano. Passou a ocupar a terceira colocação no quadro de medalhas. Enquanto isto no governo Lula, foi instituíndo um Ministério pomposo para os Esportes, em 2003, mas como tudo na gestão do PT, pomposo, pesado e liderado por politicos, que nunca foram capazes de sequer chutar uma bola de meia. E o que melhoramos de Pequim até Londres? Eu acredito que nada. Nos mantivemos  estagnados. Um grupo grande de atletas, sem a competitividade necessária para disputar num patamar de alto nível, salvo raras exceções. Seria culpa de nosso material humano? Penso que não. Ao contrário, estes abnegados que a Londres compareceram, a despeito da inóqua participação governamental, tentaram e alguns alcançaram sucesso por contra própria. 

A verdade nua e crua, é que somos ainda o pais da bagunça organizada. Da improvisação mergulhada de humor, pois, nada se conseguiu mudar. Da filosofia ao sistema de formação em todo e qualquer esporte, o que se viu foi mudança de uniformes, apenas. Não se popularizaram setores importantes como o atletismo. Não desenvolvemos nosso potencial na piscina. O faraônico Ministério dos Esportes preocupou-se apenas coma agenda política de trazer para o Brasil, a Copa do Mundo e as Olimpiadas, pois, elas serão fontes de obras monumentais e assim, mais uma vez, seremos os observadores oculares um uma história, onde gestões irão gerar novos escandalos. Afinal, se nossos politicos são capazes de aprontar com ambulâncias, imaginem com estádios, vilas olimpicas e segmentos de transporte publicos. 

Existe uma forma de se concientizar a formação de novos atletas? Não tenho dúvidas que sim.Vendo os anúncios nos intervalos olimpicos, na NBC norte-americana, um me chamou bastante atenção. Após uma marca era batida, qualquer que fosse a modalidade, aparecia nos dias seguintes, um anuncio em que um jovem escreve na areia, no quadro negro, no espelho esfumaçado, a marca obtida e sai para treinar. Isto é uma forma de incentivo e principalmente de lembrança. Aquela marca, aquele atleta que a conseguiu, são agora os desafios a serem suplantados.


Penso que Michael Phelps e Usain Bolt foram as estrelas maiores entre os atletas em competições individuais. O que não se constituiu numa surpresa e longe de ser uma mera confirmação. Foi o coroamento de dois atletas que parecem estar acima das aptitudes humanas. Eles agem como sobrenaturais. A dupla feminina de volley de praia e o time de futebol feminino, ambos norte-americanos, confirmaram suas supremacias olímpicas. Parece que os outros países, nestas duas modalidades, pelo menos em disputas olímpicas, tem que se concentrar, com no máximo, a prata.

O dream team de basquete norte-americano, a meu ver, tem uma obrigação olimpica. Ganhar. E ganhar de muito. Como deveria ter o Brasil, em termos de futebol masculino. São verdadeiras disparidades. Nosso volley continua forte, pois, foi o único esporte, que por conta própria de alguns, organizou-se e hoje colhe os resultados desta iniciativa. Por que não fazemos o mesmo com os demais esportes?

Tenho plena consciência que dentro do período a que é nos dado o direito de viver, a gente se impressiona muito com aquilo que vê e sente. E considera estes momentos, como os maiores de todas as existências. Todavia, mesmo levando em consideração que em outros períodos, outras pessoas sentiram o mesmo, que estamos sentindo neste momento, fico lisonjeado por ter sido agraciado com a possibilidade de ver  “in loco” seres diferenciados como Pele,  Rudolf Nureyev, Frank Sinatra, Luciano Pavarotti, Michael Jordan, Michael jackson, Steven Spilberg, Joe Montana, Antonio Carlos Jobim, Pete Sampras, Martina Navratilova, Chico Anysio, e por meio de midias  informativas a outros como Mohamed Ali, Maria Callas, Michael Phelps e Usain Bolt. Todos vivem ou viveram em parte do período que vivo. Me sinto afortunado com este fato. Obrigado, meu Deus!

Mas me pergunto. Existirão outros que poderão suplantar os citados?  Creio que não haverão outros Beethoven ou mesmo outro Tchaikovsky. Hoje o mundo vive de Michael Teló e Zeca Pagodinho, Todavia, penso que se o homem, em sua eterna volúpia de vencer desafios, conseguir, por exemplo, botar seus pés em Marte, o fundo musical estará mais para a Quinta Simphonia do que para, Ai se eu te pego.

Não importa que possa não haver outro William Sheakespeare no Reino Unido - sendo ele quem possa ter sido. Não creio que seja válido, inclusive usar como parâmetro Albert Einstein para se medir inteligência. Esta são energias próprias. Mas nós podemos erigir outras formas de energias, pois, são estas que fazem o mundo se desenvolver e sempre andar para a frente, a despeito dos politicos.

Fico por sua vez pensando, se alguém poderá ao curso de sua vida olímpica, ganhar 23 medalhes, ou quem sabe 19 de ouro, sendo 11 em eventos individuais, ou sendo um do sexo masculino, 14 medalhas em uma só olimpiada? Acho dificil. Seria como se tentar reinventar o sol. Ninguém irá conseguir iluminar e aquescer mais o mundo do que ele. E creio que será muito difícil se conseguir recriar outro Michael Phelps, ou mesmo, algo tão veloz como Usain Bolt. Ou o homem será capaz de correr os 100 metros em menos de 9’50”? Ou quem sabe sagrar-se vencedor em duas olimpíadas seguidas, dos 100 e dos 200 metros rasos! 100metros é uma corrida. 200 o dobro. Talvez por isto ninguém o havia conseguido até o aparecimento deste jamaicano. E fazê-lo em duas olimpiadas me parece difícil de voltar a acontecer. 

Se bem que eu achasse que dificilmente alguém voltaria a ganhar sete vezes o torneio de Wimbledom, como Pete Sampras o havia feito e este ano, naquilo que muitas já consideravam como certo - o final da carreira de Roger Federer - eis que o suíço iguala a marca do norte-americano. Mas alguma outra mulher será capaz de chegar aos nove titulos alcançados por Navratilova? 

Concordo que o material esportivo está sempre em evolução, assim como as formas de treinamento e mesmo de “vitaminação”. Outrossim, existem limites. Mas seriam estes limites pontos impossíveis de serem ultrapassados? Se são ou não daqui para a frente, creio que uma coisa os poderá fazer cair. E esta coisa é aquela imensa vontade de vencer, que nascem com alguns ou são incentivados por pais ou instrutores.  O da abnegação, da total entrega, do compromisso de suplantar aquilo que parece ser impossível de ser suplantado. Do compromisso para com o esforço supremo, de superar seus próprios limites e preferencialmente os de seus advers]arios. São estes fatores que a meu ver, fazem a verdadeira diferença, entre o campeão e o muito bom atleta.

Isto que acontece com humanos, também ocorre com os equinos. Houveram grandes cavalos no mundo: St. Simon, Ormonde, Bayardo, Nearco, Ribot, Sea-Bird e agora Frankel. Como explicar aquele algo maior que estes possuem em relação a seus adversários? Não sei. O que sei é que eles suplantam seus limites, mesmo sendo para muitos, considerados irracionais. Pois vos digo, com a experência que tenho neste setor: muitos deles tem mais discernimento, do que a grande maioria dos politicos. Principalmente os brasileiros.

Morador que sou nos Estados Unidos, desde 1987, diria que uma coisa aprendi neste pais. Eles se acham o número 1. Se são ou não, isto é o menos importante. O que me parece importante, é que chega na hora de representar sua bandeira, seus atletas chegam a seus respectivos limites. Quando ainda atletas mirins, em competições escolares passam pelo mesmo ritual cerimonial de um atleta olimpico. Isto os condicionam. Isto os fazem acreditar que nenhum jogo está terminado até o apito final do juiz. O futebol feminino foi talvez o exemplo mais efusivo a ser comentado. Imaginem numa semi-final estar perdendo de 2 a 1 e com vontade conseguir empatar o jogo com dois minutos a mais do tempo normal. Ai na prorrogação, estar empatando de 3 a 3 e a um segundo do apito final, fazer o gol da vitória? Pois é, isto é que chamo de um compromisso com a vitória. Isto está à flor da pele no atleta que defende os Estados Unidos, tendo este nascido ou não no pais. E apenas latente em muito outros atletas de outros países. Mas como chegar a este nivel de determinação? A este compromentimento?

Numa entrevista com os principais atletas olimpicos norte-americanos vários detalhes vieram a luz. Um por exemplo, que me chocou, foi um atleta afirmar que faziam quatro anos que não via televisão. Imaginem incutir isto na cabeça de um atleta brasileiro. E a caipirinha? E a praia? e a Balada? Imaginem o Neimar não indo daqui até a Copa, a um pagode sequer? Errado ou certo, aquele que assim falou, ganhou sua medalha de ouro. Vamos ver se o Neimar nos trás a Copa...