terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A ALMA DA SANFONA

Uma vez perguntaram a Albert Einstein como ele fazia para guardar tantas boas ideias. E o gênio respondeu: na verdade tive apenas uma grande idéia.

Pois é, eu me pergunto como o carnavalesco Paulo Barros faz para guardar tantas ideias. Que me desculpem aqueles que não coadunam de minha opinião, mas para mim ele está sobrando nesta turma que ora frequenta a Sapucai. Por que? Porque seu compromisso com a renovação estética, bom gosto, harmonia, presença cênica e acima de tudo, um perfeito timing, hoje são inigualáveis. Penso que são os 122 minutos mais agradáveis e que passam mais depressa na Sapucai.


Nunca deve se comparar pessoas. Elas são produtos de distintas educações e diferentes meio ambientes. Outrossim, me arrisco a afirmar que o carnavalesco da Unidos da Tijuca é um Joãozinho Trinta com mais empenho tecnológico. E mais, o dia que o Andrew Lloyd Weber o descobrir a Broadway vai chegar a seu ponto máximo. Se derem para ele a abertura da Copa do Mundo ou das olimpíadas, tenham certeza que o perderemos de vez para Hollywood.



Seus carros não são pesados e muito menos grandes. Possuem o tamanho exato, são ágeis e apresentam uma criatividade nunca antes vista. Hoje sua comissão de frente é o espetáculo mais esperado no desfile. O que ele irá aprontar? Perguntam-se todos. Todavia, ele, Paulo Barros, cada dia mais está se desprendendo, mais e mais. Diria que as surpresas não se limitam mais em relação a comissão de frente. Elas aparecem em todos os casos e a qualquer momento. 


Seria a teatrilazição do carnaval? Possivelmente. Tira a essência do samba? Que me desculpem os mangueirenses e os portelenses, todavia, creio que o carnaval é isto. Um espetáculo. E para aquele que se intitula o maior espetáculo da terra, eu diria que o primeiro o Joãozinho Trinta e agora o Paulo barros, estão nos colocando definitivamente lá. Deixamos de ser megalomaniacos e passamos a ser realistas. Este é na realidade o maior espetáculo de inventiva, harmonia que pode ser visto na atualidade.


O Rio de Janeiro fez por onde. Os presidentes destas agremiações e o governo investiram fundo para que isto acontecesse. Hoje temos um mega evento, que pode ser vendido para todo e qualquer lugar do mundo. pois, beleza ainda é uma das coisas que funcionam em qualquer lugar. Mas o que isto renderá a Unidos da Tijuca? Um afastamento de suas adversárias? Esta é uma cristalina possibilidade. 


Como também é uma cristalina verdade, a hedionda capacidade de parte de nossa civilização para a inveja e a destrutividade. O que não se entende, imediatamente se critica. Fato bastante normal em nosso pais.  Logo, não é de admirar que seres humanos como estes, volta e meia se vejam dominadas pela insana descrença em tudo que é novo, inventivo e fora da normalidade. E quando e quando na verdade, esta nova verdade se frutifica, passa a ser taxada como obra da sorte. aquela que desvirtua a essência e as raízes do samba. Não dê bola Paulo. Você conquistou seu mundo, com muita vontade, amor e tesão de fazer aquilo que se responsabilizou em fazer. Você reina. E afinal, os cães ladram e a caravana sempre passa.


A Unidos da Tijuca foi perfeita, de seu inicio ao fim. O problema é que na hora da apuração a coisa se desfigura. Se o que a bateria da Mangueira fez merece nota 10, nenhuma outra poderia levar mais do que 9. Concordam? Da mesma forma que se na maioria dos demais requisitos a Unidos da Tijuca vai levar 10, quanto deveriam receber as outras? Acredito que em termos de alegorias e comissão de frente, também, não mais do que nove. Talvez oito... E a gente sabe muito bem que não é assim que a coisa funciona. Quem assim pensar entre os jurados, não volta nunca mais a julgar na Sapucaí. Terá que tentar o Anhembi... 


Vão ter outros 10 e muito 9,9 e 9,8. Assim sendo um trabalho da mais alta genialidade e inventiva de Paulo Barros, poderá render no máximo décimos de pontos a mais do que as suas principais concorrentes. E isto eu digo que não é justo.


Não sou pessimista e muito menos acho que o mundo seja injusto. E tive a maior prova disto quando do desfecho deste último Superball. Afinal, se Tom Brady, o quarterback do New England Patriots, acerta aquele último passe, no último segundo do jogo, e com isto tirasse do New York Giants um Superball que era já todo seu, aí sim o mundo seria injusto. Por quê? Porque ter a Gisele Bündchen como companheira e ainda por cima acertar aquele passe, naquela situação, naquele segundo final, seriam benesses demais para apenas um ser humano. Mas que seria uma injustiça se tirar este carnaval da Unidos da Tijuca, arrisco afirma que sim.


Paulo, o mundo do samba hoje é seu. Aproveite. Mas lembre-se que ano que vem exigirão ainda mais de  mas tenho certeza que você irá tirar de letra. você e de sua equipe. A alma da sanfona deste ano, terá que ser superada. E pergunta passará a ser, a partir de quarta feira de cinzas: o que você vai aprontar para o ano que vem? Não sei, mas que a Unidos da Tijuca hoje parece o Barcelona, e o Paulo Barros seu treinador, disto eu não tenho a menor dúvida.