Até entendo que no afã de se torcer por um atleta de seu pais, se queira desmerecer a qualidade de outro. Compreendo que Phelps não nadou bem os 400, sua primeira prova e chegou na quarta colocação atrás de seu maior rival e colega de time e de um brasileiro. Ai vem gente que nunca disputou esporte algum - nem purrinha - para vibrar mais com o fato do brasileiro ter chegado à frente do maior nadador de todos os tempos, do que propriamente dele, que com toda justiça, fez jus a sua prata.
Eu fui atleta, e sei quão difÍcil é se realizar que você chegou a seu limite. Talvez por isto, eu tenha uma tremenda admiração por aqueles que nunca conseguem achar seus limites e a cada competição nos surpreendem. Não há como se explicar. Phelps, é igual a qualquer um de nós. Dorme, acorda, toma café da manhã e vai trabalhar. Apenas que seu trabalho é em uma piscina. O nosso em qualquer outro lugar. Se priva de muitas coisas que nós não precisamos nos privar e tenta controlar sua ansiedade e nervos, contra os melhores trabalhadores de seu oficio, à frente de bilhões de telespectadores. Imaginem o que ele deve ter sentido ao chegar na quarta colocação.
Eu diria que 99,9% dos habitantes da terra gostariam de chegar em quarto lugar em uma olimpíada. Mas para Phelps deve ter sido uma decepção. Ele sentiu que não é mais o mesmo e que teve uma queda produtiva. Sentimentos e sensações inevitáveis com o passar dos anos. Mas no dia seguinte deixou de disputar uma prova em 200 metros onde era favorito, para melhor defender seu país em seu relay. E foi o melhor dos quatro. Mas para tal teve que fazer um sacríficio pessoal. Deixou de lado a chance de mais uma medalha individual, para tentar uma coletiva. Aquele que o bateu, acabou entregando o ouro para os franceses. Logo, penso, que cair da forma como Phelps caiu e assim mesmo saber que é o quarto do universo nos 400, é coisa demais para qualquer ser humano. É cair de pé.
Phelps estava, desde o início destes jogos, à procura de sua décima oitava medalha olímpica. Acho que isto responde a qualquer dúvida e principalmente a qualquer inveja de gente que prefere levantar copinhos, e fazer lipos, do que treinar de forma árdua. E ele o faz, com chuva ou sol, todos os dias, e isto no melhor período de sua vida. Aquele que poderia estar na praia azarando os brotinhos.
Aprendamos, com os franceses, que perderam o mais importante relay nas olimpíadas passadas por batida de mão. Ontem ganharam por um pouquinho mais. Sua imprensa não perdeu tempo em falar que haviam derrotado Phelps e companhia. Simplesmente enalteceram seus heróis, dois dos quais, que nadaram mais do que pela medalha de ouro. E sim para ajustar as contas pendentes desde Beijing. E foram quatro anos de espera.
Mas, como disse anteriormente, existe uma coisa chamada determinação. E neste pormenor, nós brasileiros, ainda não conseguimos estabilizar uma base. Lembram-se da última Copa de Futebol, como os holandeses viraram o jogo, com gols de cabeça em nossa pequena área. E o que fizemos, ao estarmos em desvantagem? Passamos a apelar para pontapés. Em relação a determinação, em nosso caso, esta ainda é suplantada pela ansiedade.
Mas nada que um dia depois do outro. Os que torciam contra Phelps tiveram que engolir mais duas medalhas e serem protagonistas de um dia histórico. Aprenderam definitivamente, que é muito difícil se ganhar uma medalha olímpica. Uma de ouro, então, nem se fala. Que ganhar 19 é ainda mais complicado. E quase que impossível é fazer história e foi o que este rapaz o fez hoje, dia 31 de Julho de 2012. E o mais impressionante, dentro e fora d'água.