quinta-feira, 7 de junho de 2012

DE UMA NUDEZ GENESÍACA, QUASE ADÂMICA


Atuo profissionalmente numa área não muito conhecida pela sociedade: o mercado de cavalos de corrida. Sim há um mercado para isto. Embora vocês possam não acreditar existem profissionais e investidores, em todos os patamares desta atividade. E bilhões de dolares são movimentados anualmente. Tanto assim que esta, até a década passada era a mais importante em termos financeiros na Irlanda, e está entre as 12 maiores nos Estados Unidos.
Quero deixar claro uma coisa. Cavalo de corrida não é para quem quer e sim para quem pode. Todos os investidores que dela participam tem que ter dinheiro. De onde este dinheiro vem, nem sempre tenho conhecimento. Mas que ele vem, vem!  Como sou um daqueles que quero, mas não posso, tenho que me contentar apenas em ser um profissional da área, que aqui nos Estados Unidos tem uma qualificação: “bloodstock agent”. Antes que me confundam com um vampiro, quero deixar claro que não trato com sague de quem quer que seja. Todavia, como os cavalos de corrida foram um dia apelidados de puro sangue, alguém veio com este nome, e colou.
Outro dia aconteceu um caso cômico. Um senhor se aproximou de mim, no hipódromo de Cidade Jardim, São Paulo, em uma das visitas que faço normalmente ao Brasil e perguntou coisas sobre o mercado. Falava alto, como se tivesse um problema auditivo e ainda por cima, tinha um timbre de voz qual a de um leão. Resumindo, queria entrar na atividade e precisava de algumas informações. Quando estava, por assim dizer saciado em suas duvidas, lhe perguntei qual era a sua atividade principal. Como por milagre ele baixou seu tom de voz e quase com vergonha, respondeu-me: lobista.
Tive vontade de rir, pela forma como mudou não só seu timbre de voz, como também, os decibeis de suas palavras que até a até ali caracterizara seu diálogo de rara eloquência. Era como se eu o tivessem pego de surpresa. Contive-me e senti que era melhor manter a conversa em um outro rumo. Um que fosse menos pessoal.
Senti que no Brasil, lobista ainda não é uma profissão. Funciona como uma expécie de oportunista, atravessador, sei lá o que. Quando residia no Brasil, no inicio da década de 80, havia o Asponi. Desculpem meu português, mais não há outra forma de traduzir ao pé da letra. Asponi era o famoso Assessor de Porra nenhuma. Também conhecido como Papagaio de Pirata. Está sempre na fotografia e quase ninguém sabe o por que.
Nos Estados Unidos, o lobista é um cara que oficialmente frequenta as mais altas searas politicas e administrativas, exercendo a nobre profissão de intermediário. Aquele que com o seu “know how”, atua juntando as partes interessadas. O “lobbyism” é legitimo, legal e acima de tudo muito respeitado. E, aqui entre nós, altamente bem remunerado. Não existe maquiagem. O cara tem em seu cartão, sua prosissão gravada, como um médico, um engenheiro ou um arquiteto.
Como em toda profissão, ela está povoada de bons e maus profissionais. Os bons defendem o direito daquele que o paga, frequentando o lobby dos poderes de Washington, de onde nasceu a palavra e em sequência natural, a profissão. Trás as revindicações aos deputados e senadores e em alguns casos junto a presidência.  Cobra deles as reividicações trazidas. E serve como termômetro da situação.Trata-se de uma defesa do direito cooperativista. Na hora de se elaborar uma lei, votar um adendo a mesma de interesse comum ou simplesmente trazer uma nova revindicação, o lobista sempre estará presente, fazendo o seu trabalho e defendendo os interesses daquele que o remunera. Os maus, usam apenas o tráfego da influência que possuem, para enriquecerem, levando vantagem de certas situações. Logo a conotação pejorativa pode se aplicar a uns, mas nunca a todos.
Dizem que o lobismo tomou força nos Estados Unidos, a partir de 1870, com o implantação das estradas de ferro. Mas eu diria que a profissão em si, é bem mais antiga. Do tempo em que Moisés separava mares e recolhia mandamentos. Bem levada, é digna, como outra qualquer. Resumo da ópera, nos Estados Unidos, não é necessário se falar mais baixo, ao enunciá-la, para que os outros não escutem. Pelo que entendi o mesmo não pode ser dito em relação ao Brasil.
Acho que os corredores politicos de Brasilia, sejam no executivo, legislativo ou judiciário, são povoados por uma verdadeira fauna. Como o são os de Londres ou de Washington. Apenas que na capital brasileira, o que se sente é que na constituíção desta fauna, há uma maior predominancia de lobos, hienas, urubus e demais predadores de discutivel categoria, do que de outros que com mais requinte e idealismo, pelo menos fazem algo por aqueles que neles votam. Assim sendo, não entendo por que um lobista tem que diminuir seu tom de voz, quando cita sua profissão, e um deputado, ou senador, é o primeiro a gritar a mesma, em sequência ao já institucionalizado o senhor sabe com quem está falando?
Ganhar bem não me parece um crime. Só um moralismo muito brega iria condenar quem assim o faz. Afinal, o Michael Teló e o Ronaldinho Gaúcho estão com os bolsos recheados de dinheiro, enquanto Mozart foi enterrado como indigente e o Garrincha morreu pobre. Logo, não é a qualidade do talento que faz uma pessoa ficar rica ou pobre. E sim a oportunidade que ela aproveita. Sendo levada de forma honesta, qualquer profissão, enobrece e para mim, problema algum que gere grana.
O que não dá, por exemplo, é servir no senado - que aparentemente exige que uma pessoa seja bem informada, já que defende o interesse de uma nação - e sendo ali colocado pelo povo que o elegeu, não tenha conhecimento que o senhor Carlinhos Cachoeira - amigo pessoal - exerce a profissão de corretor zoológico, e que usa de sua influência e dinheiro, para incitar o trafego que levará a ele, ao próprio senhor Carlinhos e outros interessados, a ganhar concorrências publicas, e fomentar empregos de cabide.
Caros brasileiros, temos 38 ministérios. Só Ali Babá, conseguiu administrar mais ministros que a dona Dilma e o papai Lula. Dois a mais. Imaginem o que isto significa em termos de número de empregos. Eu diria zilhões! Isto nos torna, o pais mais caro do mundo. Somos pesados como qualquer paquiderme. Lentos como tal. E vivemos de uma imagem continental, que está para ruir a qualquer momento. A de que o crédito é dado para o povo se endividar e assim sendo a industria e os bancos, não pararem de gerar lucros. É o falso progresso. Um progresso sem ordem. Coitada de nossa bandeira... E pasmem, até que provem ao contrário, nosso pais é governado pelos trabalhadores. Pelo menos isto é o que a sigla PT, deveria significar. E haja cestas básicas e programas família para escravisar votos, como nos tempos antigos, do voto de cabresto, manipulado então, pelos coroneis do nordeste. E para que o congresso e o senado não se manifestem ao contrário, ou se mantenham passivos e alheios a esta calamidade, mensalões e troca de figurinhas têm que fazer parte do dia a dia dos mesmos. Se assim não o for, perde-se a sintonia.
Desta forma não creio que a profissão de lobista irá para a frente no Brasil. E por isto, entendo o por que, aquele que me abordou fazer questão de baixar o tom de sua voz, ao ser auguído. Afinal, uma comunidade ter o trabalho de se juntar e remunerar alguém que vá defender nos corredores politicos de Brasilia, seus interesses, é de uma nudez genesíaca, para não se dizer adâmica. Vivemos hoje uma situação de total ingovernabilidade. Tornamo-nos, pela força das circunstâncias cultuadores do catastrofismo. Protagonizamos um penumbrismo decadentista, açodados que somos pelo populismo sufocante de um capitalismo moreno. Vivemos a mercê do verso anacíclico de sabor ludico, embebido de discursos solenes dos politicos surpreendidos - qual virgens recentemente defloradas -, sempre que a Policia Federal, ou um jornal de alta circulação, desemcobre o escândalo da semana. Aquele escandalo que minimiza o da semana anterior e apaga o do inicio do mês. 
Alguém está preocupado com o desfecho daqueles que levaram avante o mensalão?
Mas que mensalão é este, que o Presidente da Republica da época diz não ter tido conhecimento...