segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O POLPUDO CHEQUE SUECO

Existe alguma rejeição em relação a um premiação que de há muito se tornou um símbolo: o Nobel Prize. O prêmio anualmente distribuído pela Academia Sueca, idealizado ante um testamento deixado por Alfred Nobel, o homem que enriqueceu com a pólvora e suas distintas formas de uso, tinha com idéia básica premiar o que melhor a humanidade poderia produzir, inicialmente mas áreas da química, da física, da literatura, da paz, da psicologia e da medicina. mas seria esta humanidade merecedora do prêmio?

Cinco membros da citada academia, são os responsáveis, pela placa comemorativa e por aquele celebre cheque, que Nelson Rodrigues eternizou como o polpudo cheque sueco, que são o que os ganhadores levam.

Esta critica hora reinante, versa principalmente em relação a seara da literatura, onde fatores políticos e diplomáticos não deveriam pesar em favor deste ou candidato e sim a idéia original daquele que o criou com seu testamento em 1895 1901: "Que no campo da literatura, tenha produzido o melhor trabalho na direção certa". O problema passa a ser a interpetração dada a aquilo que chamou de direção certa.

De 2001, quando pela primeira vez foi anunciado até 2011, 108 escritores foram premiados, sendo que em quatro oportunidades a dois. Em sete anos não foram aferidos, 1914 e 1918 por causa da primeira guerra mundial, 1935 e de 1940 a 1943 por causa da segunda guerra.

O guatemalteco Miguél Angel Asturias foi o primeiro escritor a ser premiado fora do circuito das grandes nações europeia, do Japão e dos Estados Unidos. A América do Sul foi descoberta pela Academia somente em 1945, com a nomeação da Chilena Gabriela Mistral. A Austrália em 1973 com Patrick White. E ai em 1971,1982 e 2010, três de meus mais ditetos escritores tiveram, diga-se de passagem merecidamente, suas respectivas vezes:, o chileno Pablo Neruda, o colombiano Gabriel Garcia Marquez e o peruano Mario Vargas Llosa.

Li as obras completas de todos. E me pergunto como ainda não foi ortougado a um brasileiro, a um argentino ou mesmo a um uruguaio, este galardão? Autores sul-africanos já foram premiados em duas oportunidades, o México, a longinqua Iceland, o Egito, a pequena Santa Lúcia e até a esquecida Nigéria em uma. E o Brasil a ver navios. Será que Machado de Assis e Jorge Amado não o fizeram por merecer?

Concordo que falamos e escrevemos uma linha estranha. Quase um código. Outrossim, não muito distinta da de José Saramago, que já embolsou o polpudo.

Existem em outras áreas aberrações, concordo. Por exemplo Henry Kissinger ter ganho o prêmio Nobel da Paz e Mahatma Ghandi não, para mim é um tremendo erro de avaliação.  Kissingier era um obreiro em criar guerras. Não em terminá-las. James Joyce, Marcel Proust e o argentino Jorge Luis Borges não terem ganho os de literatura, outros erros crassos. E o de Barack Obama em 2009? Não lhes parece uma tremenda puxada de saco? Mas há de se convir que estes deslizes podem ser fruto da fractuosidade do terreno.

Ao recusar o prêmio em 1964, o controvertido Jean-Paul sartre advertiu: "um escritor tem que recusar a ser transformado em uma instituição, mesmo que isto tenha vindo a acontecer da forma mais nobre".  Não teria tanta certeza, sobre este fato, mas há de se respeitar sua decisão. Afinal dos 826 laureados até o presente momento - sendo 43 mulheres - apenas dois recusaram, provando que assim pensam.

Houveram estranhas situações, como a de Boris Pasternak em 1958 que declinou seu prêmio com medo das sações que o governo da União Soviética proporia contra sua pessoa. Seu filho, anos depois, em 1989 veio aceitar o prêmio em seu nome. E o caso de Richard Kuhn, Adolf Butenandt e Gerhard Domagk, que proibidos de receber seus prêmios por Adolf Hitler, o fizeram após o término da guerra.

Com a crise financeira de hoje, não creio que ninguém vá recusar o polpudo, vocês não acham?