Lula comemorou a crise americana subestimando o poder de reação de sua economia. Ocorre que os prognósticos do pajé Lula não se concretizaram e a economia americana já se recuperou, enquanto estudos divulgados recentemente colocam o Brasil entre as economias vulneráveis.
Lula, os EUA não quebraram. Um país de cultura mais desenvolvida que a nossa e de povo empreendedor pode cometer erros, mas, muito diferente do Brasil, tem “handicap” de possuir um capital intelectual técnico invejável em todas as áreas, o que não existe aqui, capaz recolocar os EUA na vanguarda das nações.
Transcrevo abaixo interessante artigo do economista Maílson da Nóbrega “EUA, o declínio que não houve”, publicado na revista Veja, para reflexão.
“A quebra do banco Lehman Brothers (2008) e suas consequências – a deflagração da maior crise financeira global desde os anos 1930 e uma severa recessão nos países ricos – animaram analistas de esquerda a vaticinar o declínio americano.
Distintas correntes de opinião apontaram a China como a potência do século XXI. A profecia declinista não se confirmou. A economia americana já se recuperou e deve crescer em torno de 3% neste ano, nível similar ao desempenho pré-crise. O PIB chinês pode ser o maior do mundo até 2020, mas os Estados Unidos tendem a continuar como líderes do planeta, principalmente por manterem a posição de maior potência tecnológica e bélica.Lula comprou a tese declinista e foi mais longe. Em 2010, ao visitar o campo de petróleo Tupi, na Bacia de Santos, afirmou que o século XXI seria “o século do Brasil e da América Latina”. Já fora do governo, comemorou a crise americana. “Foi gostoso passar a Presidência da República e terminar o mandato vendo os Estados Unidos em crise”. E jactou-se de supostos feitos ao afirmar que a solução para o problema econômico do Brasil não foi dada por “nenhum doutor, nenhum americano e nenhum inglês, mas por um torneiro mecânico pernambucano”.
A tese declinista subestimou a capacidade de reação dos Estados Unidos, que deriva de suas inúmeras vantagens: solidez das instituições, cultura capitalista, qualidade da educação e inigualável propensão a inovar. Oito das dez melhores universidades do mundo são americanas, segundo a Times Higher Education. Vinte e sete das trinta universidades cujas pesquisas são as mais citadas em artigos acadêmicos são americanas, diz a Universidade Netherland Leiden. Os Estados Unidos contabilizam um terço dos gastos mundiais em pesquisa e desenvolvimento, conforme a Rand Corporation. Em parte por causa disso tudo, o trabalhador americano é muitas vezes mais produtivo do que o chinês, o brasileiro e mesmo o de países ricos.
Um novo e inédito fenômeno está em curso nos EUA. Assiste-se a uma reindustrialização, provocada pelo reshoring, o oposto de offshoring, que é a migração de indústrias, particularmente para a China. Estudo especial da The Economist (19/1/2013) mostrou que 48% das maiores empresas americanas com vendas anuais acima de 10 bilhões de dólares repatriam fábricas. A principal razão é o aumento dos custos trabalhistas na China.
Os avanços dos EUA espalham benefícios por todos os cantos do planeta. A população mundial se comunica por meio de tecnologia do Vale do Silício. A internet foi criada nos EUA. As empresas líderes de tecnologia de informação e comunicação – Apple, Microsoft, Google, Facebook e Twitter – são americanas.
Os EUA protagonizam uma nova revolução energética por meio da tecnologia de extração de gás e petróleo de xisto. Segundo a Agência Internacional de Energia, em 2020 o país se tornará o maior produtor mundial de petróleo, superando a Arábia Saudita. Essa revolução teve muito a ver com o ambiente de regras pró-mercado e de instituições que preservam direitos de propriedade e respeito aos contratos, incluindo leis de patentes. O dono do solo é também do subsolo. Foi isso que levou o empreendedor George Mitchell (1919-2013) a investir 10 milhões de dólares do próprio bolso para desenvolver a tecnologia de perfuração horizontal, que libera o olé e o gás contido nas rochas. Mitchell morreu bilionário e sua inovação se dissemina mundo afora, ampliando o potencial energético de vários países. O Brasil será um deles.
Aqui, os governos do PT, movidos por visão estatista e desconfiança em relação ao setor privado, promovem retrocessos na área energética. No governo Lula, substituiu-se o bem-sucedido regime de concessão pelo de partilha na exploração do petróleo, atribuindo ao Estado a responsabilidade maior nessa área. No governo Dilma, aumentou-se a intervenção estatal na energia elétrica (medida provisória 579) e empresas estais foram postas a serviço de políticas populistas e de controle de inflação.
Por essas e outras, está longe o dia (se houver algum) em que nosso país será potência mundial dominante. Já os Estados Unidos crescem agora mais do que nós. O vaticínio de seu declínio fracassou redondamente”.
*Júlio César Cardoso é bacharel em Direito e servidor federal aposentado e mora em Balneário Camboriú – SC – juliocmcardoso@hotmail.com