CRÔNICAS DE UM PLANETA CHAMADO TERRA: junho 2018

OPINIÃO DE QUEM LEU

‘Quem acreditaria num submarino avistado por um bêbado e investigado por um tenente corno, que se apaixonara por uma puta e acabara de matar um guarda de trânsito?’

Pois esta não é mais uma manchete da crônica policial carioca, mas, sim, “uma trama estupendamente urdida por quem entende do riscado”, como tão bem colocou Chico Anysio no prefácio do livro ‘O Submarino da Lagoa Rodrigo de Freitas’ - de Renato Gameiro –

Gameiro faz uma viagem no tempo a um Rio de Janeiro contemporâneo da Segunda Guerra Mundial, juntando num mesmo cenário espiões alemães, putas da Lapa, um bêbado e um tenente-detetive visionário e romântico, com nossa querida Lagoa costurando todo este inusitado enredo. O resultado? O mais autêntico humor carioca levado a seu extremo e nos dando saudades deste tempo de malandragem, que se mostra até inofensivo frente à nossa realidade presente.

É pra chorar de rir, mas com um riso de alto QI, porque a reconstrução de época que Gameiro realiza, por si só, já é uma autêntica aula de história para todos os apaixonados por esta cidade.
Alberto Arguelhes

LIVRARIA CULTURA - ARGUMENTO - LETRAS E EXPRESSÕES

A OPINIÃO DO CHICO ANYSIO

É uma lástima viver-se num país onde pouco se lê. É profundamente triste que este livro do Renato Gameiro esteja, como a grande maioria de obras interessantes publicadas pelo país afora, sujeito a um eventual esquecimento numa prateleira qualquer das nossas livrarias.

É melancólico imaginar-se que as pessoas que podem (e deveriam) ler, não aproveitem as delícias desta história cuja narrativa nos prende e nos agrada. Quem sabe se essas pessoas “não leitoras” não devessem fazer parte da tripulação deste submarino que a imaginação de Renato fez mergulhar na Lagoa Rodrigo de Freitas?

Uma delícia, é a melhor definição que encontro para o texto, já que tive a glória de viver a época em que o livro está ambientado.

Escrito em linguagem moderna, na total abrangência das idades, ele traz recordações felizes para os que, como eu, fumou Continental, banhou-se com Lever, usou Gumex, escutou o Heron, viu os preparativos para a Copa de 50, viveu o getulismo, acompanhou a luta Lacerda/Wainer e outros rodeios da história do carioca que não usava trancas nas portas e tinha a seu dispor, uma cidade que era mesmo maravilhosa.

Adorei o sofrimento do Tenente Álvaro, vivido entre a dúvida que sua afirmativa causava no coronel Alencar e a presença alucinante de Odete, a mulher dos seios fartos que nem era tão noiva assim do seu amigo Márcio – que se banhava na riqueza e na bebida. Que pedaço, que pedaço...

Nora, a adúltera, purificada pelo simples fato de ser filha do general, é outro personagem delicioso. Tudo neste livro é agradável e nos leva a um estado de satisfação e de gostosa reminiscência.

A verdade é que estamos diante de uma obra magnificamente escrita, com um tema interessantíssimo que os meandros do talento nos deixa sentir que o humor literário sempre terá um lugar de grande destaque para os amantes das letras.

Uma trama estupendamente urdida por quem entende do riscado, com um número mínimo de personagens, faz este belo trabalho existir. Nossa esperança de que o Submarino da Lagoa Rodrigo de Freitas, dádiva que nos chega pelas mãos de um brilhante romancista, sirva de impulso para outras arremetidas e nunca nos prive de uma continuidade de obras gostosas como foi o caso deste. O Submarino da Lagoa Rodrigo de Freitas é para ser lido de um só fôlego.

Parabéns ao Renato Gameiro que o escreveu, à Editora, que acreditou nele e a você, leitor, que tem agora em mãos uma pequena obra de arte.

Beleza pura!

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