segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

NÃO DÁ PARA ESTRANGULAR 27 EM CINCO MINUTOS


Mais um ano que se finda, e com ele realizações, sonhos e realidades. É o meu de ano 62, e o vigézimo quinto de moradia nos Estados Unidos, pois, para aqui me mudei praticamente em 87, e em forma definitiva em 90.

Vim por Estados Unidos para aprimorar aquilo que já fazia no Brasil. Achava que era coisa de uma temporada. Cinco, dez anos no máximo. E que um dia voltaria, ou iria para outro canto do mundo. Outrossim, depois de três anos de moradia, fui, pouco a pouco, descobrindo esta terra em todos os seus meandros e passando a ter consciência, do por que ela é, sempre foi, e provavelmente continuara sendo, o sonho de muitos, mas infelizmente a realidade dos poucos.

Hoje desconheço um pouco o pais que passei a respeitar, viver e gostar. Coisas acontecem, sem que um explicação lógica possa ser concebida. De 2006 para cá, 175 aberrações foram aferidas pelo FBI como aquilo que este orgão norte-americano rotula de mass killings. Isto é, quando quatro ou mais pessoas são mortas em um mesmo atentado. Ao todo foram 775 vidas perdidas, sendo 112 de crianças, abaixo dos 12 anos de idade.

Sei que para nós brasileiros estes números não parecem tão grandes. Morrem, anualmente, mais do que isto nas favelas do rio de Janeiro e quem hoje frequenta a noite de São Paulo, sabe dos perigos que pode sofrer, se estiver na hora certa, mas no lugar errado, quando bandidos encarcerados resolvem provar a sociedade que são ainda eles que realmente comandam a cidade.

O que se nota na versão norte-americana é que estes mass killings, são impetrados normalmente por uma pessoa. Alguns com pertubações mentais, todavia, em sua grande maioria por gente que se suicida e não têm uma explicação plausível para o que fizeram. A facilidade com que se tem acesso as armas aqui nos Estados Unidos auxilia o fato, embora tenha ainda gente que acredite que são as pessoas e não as armas, as culpadas. Eu penso que ambos, pois, sem a arma, fica mais dificil se estrangular 27 seres humanos em cinco minutos, como o acontecido recentemente em Connecticut, na Sandy Hook Elementary School. Aliás este nome Sandy aterrorizou aos habitantes de New York e estados limitrofes, este final de ano.

Michael Bloomberg, é o prefeito de New york há 12 anos. New York é uma cidade bastante dificil de se administrar. Ele, por sua vez, teve a dificuldade de vir a substituir a um dos melhores prefeitos que esta grande cidade já teve, Giuliani, que saneou a cidade e teve que reconstrui-la depois do atentado das torres gêmeas. Porém, ele aceitou o desafio e posso afirmar, sem medo de estar errado, que nos últimos 12 anos, provou que sabe o que faz e principalmente o que diz. Ele, deste 2006, vem encabeçando uma briga pessoal contra as armas nos Estados Unidos. Trata-se de um bilionário, sem ligações partidárias, que pode se dar ao luxo de encarar e bater de frente com um dos maiores trusts financeiros deste pais; a industria das armas. Ele ao contrário do presidente e do congresso, exige uma solução imediata e não paulatina. A doença que está tomando conta desta nação tem que ser tratada com fortes antibióticos e não com medicina de longo prazo. Pois, a coisa está virando moda.

Em Abril de 1999 na Colombine High School, Littletown, Colorado, foram assassinados 13. No campus da Virginia Tech, Blacksburg, Virginia, em Abril de 2007 foram 32. Em Novembro de 2009, em Fort Hood Texas, foi mais uma vez o fatidico número de 13. E chegamos ao negro ano de 2012, onde em em Julho, em um cinema, em Aurora no Colorado, na estréia do filme de Batman, pereceram 12, com mais 57 feridos. No templo de Sikh, em Oak Creek, no estado de Wisconsin, foram 6. E agora em Connecticut a chacina dos 27, que deixou a todos estupefatos.

O que está acontecendo? Cada dia estas mass kilings estão se tornando mais constantes. Nos seis últimos meses, foram três. Estaremos vivendo uma nova era? Escrevo pela manha do último dia do ano, após vislumbrar o nascer do sol, naquela que um dia foi parte do grande império dos Maias. Estes preveram que o inicio de uma nova era se daria no dia 12 de dezembro. Espero que eles estejam certos, e que a nova era seja melhor do que antiga. E que esta última, que foi boa em alguns sentidos e muito má em outras, tenha definitivamente terminado


E ademais o que vira moda nos Estados Unidos, anos depois, pega no Brasil...

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

QUE VEIO ANTES O oVO OU A GALINHA

Tenho verdadeira ojeriza daqueles que tentam mascarar a verdadeira face da realidade. Esta semana, menos de 24 horas depois do massacre de 27 seres humanos, sendo 20 crianças, em uma escola de Connecticut, vem uma pessoa a televisão dizer que a culpa do massacre não pode ser atribuída as armas e sim a aquele à porta. Bizarro, para não se dizer pueril.

Voltamos ao período corinto, onde as primeiras imagens desta ave, apareceram em cerâmicas e que creio que a grande dúvida reinante, era o que veio antes: o ovo ou a galinha? Eu particularmente não tenho uma opinião formada sobre o aparecimento da raça Gallus Gallus Domesticus. O que sei é que se não houver ovo, não haverá galinha. E que se não houver galinha não haverá ovo. E onde entra o galo nesta história? Bem isto é uma outra história.

o que sei, é que se não houver arma, não haverá alguém que possa fazer mal proveito dela. Isto é simples de se entender. Ter acesso a armas deveria ser apenas acesso a militares, policiais e outras classe - que não marginais - que necessitam delas para manter a ordem.

Nos Estados Unidos, principalmente fora dos grandes centros metropolitanos, existe muito uso de armas, para fins de esporte. Embora eu não considere esporte, matar-se qualquer tipo de ser que respire. O controle maior sobre este aspecto deveria ser algo a nem ser discutido. Outrossim, grandes conglomerados de industrias que vivem deste artefato irão usar de toda a sua força política para tentar vender a idéia, que o culpado é apenas, aquele que faz mal uso dela. Da mesmo forma que a heroína e a cocaína. Produzi-las não deveria ser problema, pois, o problema está naquele que a consome e faz mal uso da mesma.

Creio que isto deva ser considerado uma piada.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O FATOR FUNDAMENTAL


Existe uma erro quando as vezes, para se tentar defender um ponto de vista, nos atemos ao uso do termo provincianismo. Termo este sempre usado no sentido pejorativo. Termo que define atraso ou pouca visão da modernidade. Considero isto um exagero. Já que provincianismo, é derivado de província, e não creio que todos que moram em uma província, podem ser taxados de atrasados ou retrógrados. Existem sim, diferentes modos de vida, e pessoas que lhe agradam mais o bucolismo da província, que a efervescência da metrópole.

E aqui entre nós, eu que nasci e vivi grande parte de minha existência sob o ar frenético do Rio de Janeiro, sinto que mesmo aqueles que comigo habitam e labutam diariamente na grande metrópole, quando ganham dinheiro, qual são as primeiras coisas que fazem? Compram um barco, uma fazenda ou uma casa de praia. Logo, a solidão do mar, o bucolismo da fazenda ou a paz de uma praia distante, atraem mesmo aqueles que melhor podem desfrutar dos prazeres metropolitanos. Falar de provincianismo é falar da boca para fora.

Lexington, onde morei por mais de 20 anos, outro dia foi taxada de provinciana, por um brasileiro, que no bar de Keeneland, discursava para um pequeno grupo. Sabemos que quanto mais fraco é o cérebro de alguém, mais fortes são seus discursos. O pobre de espírito prefere discursar a falar, para então tentar de forma cada vez mais desesperada, dar algum ênfase as suas ideias e criar em volta delas, aquilo que elas pouco tem, respeitabilidade. E quem nada conhece, num raio de ação de 5 quilômetros, tendo como centro Keeneland, não está apto a dizer coisa alguma, sobre qualquer coisa que seja.

Meu pai me dizia, que no tempo dos seus pais, a moda era fraque e discurso. Nós brasileiros acabamos por abolir o fraque, mas nunca os discursos, e quanto mais ignorante seja o interlocutor, mais ele apelara para o nunca na história deste pais... e de preferência fazendo-o com a mão dentro do bolso alheio.

Vó Adelina sempre me disse que falar é muito fácil, pois é grátis e exige apenas as cordas vocais. Falar o que tenha nexo - ou seja construtivo -, já é um mais difícil, pois, exige um mínimo de cérebro. Pois é, grande parte dos brasileiros, são reconhecidos, por ter uma acentuada ausência de uma importante parte da massa cefálica. Logo é capaz de falar muita besteira. Principalmente depois de algum incentivo alcoólico. Nosso ex-presidente que o diga...

Entre suas desvairadas observações, o indivíduo citado, clamava que o único edifício alto existente no centro de Lexington - o do banco 53th - era negro e desprovido de qualquer arte arquitetônica. Não estava de todo errado, embora para falar a verdade tenho sérias dúvidas sobre seus gostos arquitetônicos, mas mesmo assim, desde quando um edifício tem que primar por seus dotes arquitetônicos? Como arquiteto que um dia fui, creio que uma edifício deva primar por sua funcionalidade. O Pantheon é baixinho, logo suas colunas tem uma função arquitetônica. A funcionalidade das mesmas, era simplesmente nenhuma.

Se vocês pensarem bem o prédio é uma fatalidade econômica, decorrente da valorização do metro quadrado. Quanto maior for a cidade, mais importante deva ser somado ao custo do prédio, seu benefício. E entre os benefícios, o que menos terá peso, será o do fator arquitetônico. Quanto mais caro for o metro da frente, mais alto o prédio haverá de subir. E mais desproporcional ele há de ficar. Outrossim, não acho que o prédio de muitos andares seja um marco da modernidade, ou prova contundente do avanço intelectual de uma comunidade. Mesmo em Manhattan, no upper east - para mim a zona mais charmosa para se viver naquela ilha - não são os prédios altos que mais atraem os abastados, e sim as casas geminadas de três andares, ou mesmo os pequenos edifícios de mesma altura, que povoam a região das ruas 70 a 90.

Falta de senso estético e desconhecimento de certas gradações de valores é que formam os grandes idiotas, como aquele que declamava. Hábito este muito comum, naqueles que como papagaios, repetem aquilo que um dia lhes foi dito e que principalmente habitam em um ambiente, pobre em conhecimento, acontecimentos, em recursos e até em inteligências. O que na verdade, não lhes permite outra conduta, quando se sentem adaptados e envolvidos a estes ambientes.

Qualquer lugar, atividade ou arte, para mim só é válida, ou assim dizer comovente, se houver uma forma expressão. Não é seu tamanho, ou seu valor financeiro que determinam sua qualidade. Será sempre a expressão que o comove. Seja na pintura, ou na leitura. Na música ou em qualquer projeto. Na criação de cavalos de corrida, que aceito como sendo uma expressiva forma de arte, você como no arranha céu, tem que preservar o caro metro quadrado envolvente na atividade, com uma solução cuja funcionalidade e expressão futura em pista, lhe tragam não apenas prazer, mas também, algum retorno financeiro. 

O Brasil é exemplo de algo bonito, mas hoje tão mal dirigido, tão roubado, que temo por sua funcionalidade futura, pois, a conta as vezes tarda, mas sempre chega. E vocês sabem por que? Por que beleza quase sempre conta, mas não creio ser o fator fundamental.