terça-feira, 9 de março de 2010

COMO SERIA BOM ASSISTIE EM CASA, COMENDO PIPOCA


AND THE WINNER IS…

Ontem, falei en passant sobre um festa que é muito comum por aqui. A que me refiro é a entrega do Oscar. Não a festa regada a charme e luxo da original em Los Angeles. Refiro-me as outras: aquelas improvisadas em casas de vizinhos. Com o hediondo barbecue... (um churrasco com o mesmo sabor e requinte, que o servido à porta do Maracanã)

A coisa começa assim. Você é convidado na piscina de supetão. Cristina, minha mulher, ao invés de ter uma resposta já preparada na boca, fraquejou. E aqueles cinco segundos sem resposta são fatais. O anfitrião vaticina: 

Então as 6:30 em minha casa. Traga apenas um garrafa de vinho. 

Moral da história, mais uma vez entrei de gaiato. Ainda mais que domingo a noite é difícil se inventar uma reunião de trabalho, ou a visita a uma avó no hospital. E nem missa mais tem depois das seis...

Este pelo menos não tinha barbecue. Era um buffet com queijos e vegetais crus e uma sopa quente. Com a promessa de uma macarronada já no final. Pouco antes das premiações para os melhores ator, atriz, diretor e filme serem anunciados.

Não entendi o porque das 6:30. Só descobri quando lá cheguei, com minha garrafa de francês de primeira linha. Era a entrada pelo tapete vermelho em Los Angeles e a triste descoberta em Hallandale Beach que o resto das garrafas sobre a mesa armada, eram de vinhos californianos

Ai as mulheres presentes, começam a tecer comentários desairosos sobre o vestido da Sandra Bullock, o cabelo do George Clooney, a gordura cada vez mais localizada da Sigourney Weaver, o pandeiro da Jennifer Lopes,  como a idade está afetando ao Brad Pitty. Se a boca da Angeline Jolie é de botox ou não. Da altura do Tom Cruise. Uma jura que o viu uma vez com saltos do tipo carrapeta. Do péssimo penteado da mulher do Jeff Bridges. Da cafonice da fulaninha, do peso do colar da cicraninha, de como anda mal a beltraninha.  E eu escutando a tudo com aquela paciência de Jó, pensando como seria bom estar no meu sofá com uma bacia de pipocas de bermuda e pé no chão.

Os homens a seu canto, que nem no clube do Bolinha, entornando o que havia de se beber a falar mal do Obama, que é agora o must de conversação por aqui. e eu o único entre as mulheres.

Fui agüentando e a Cristina me controlando, pois sabia que qualquer pergunta daquelas árvores de natais ambulantes teria da minha parte uma resposta fatal

Ai vem todos aqueles prêmios que as pessoas não tem o menor interesse e a cada premiação conquistada pelo filme The Hurt Locker, a imagem daquela que o dirigiu, Kathryn Bugalow espocava na tela. E era aquela delicia visual, aquela beleza espontânea, aquele sorriso motivador que qualquer pessoa com algo entre as orelhas, sem contar o cabelo, sentia. O que não era o caso ali entre as presentes. Foi ai que uma cucaracha sanguinolenta fez o primeiro comentário que começou a me tirar do sério.

Porque estão tanto mostrado este varapau que mais parece um homem?   

Kathryn Bigelow é uma grande diretora, um charme de mulher, talvez uma das mais bonitas em sua faixa etária que já tive a oportunidade de colocar meus olhos e já vinha por merecer o seu Oscar. Seu filme The Hurt Locker, acabou levando além do titulo de melhor filme do ano, mais 8 estatuetas. Mas explicar isto para aquela invertebrada seria total perda de tempo de suas cordas vocais.

E quando ela própria foi premiada e nervosa não conseguia coordenar seus agradecimentos, como uma típica mulher sensível que na verdade gostaria mesmo, mais estar no colo daquele de quem gosta do que ali a frente de todo aquele público, a lacraia dourada, que estava do lado da cucaranha sanguinolenta, veio com a última gota do copo já transbordando:

A velhusca devia usar um vestido com mangas.

Mas ela deu azar. Falou, olhou para mim e sorriu. Não dei tempo a Cristina e perguntei com os olhos pegados naqueles dois insetos:

Vocês acham mesmo?

E aí elas cometeram o erro de responderem que sim. Descasquei a banana. Elas deviam estar na casa dos 35 cada uma. Excediam em peso e o que lhes sobrava de peito, evidentemente faltava de massa cefálica. Havia um desequilíbrio evidente de funções. Pareciam duas árvores de natal, ligadas.

Pois eu acho que vocês deveriam rezar a Deus para chegarem na idade que esta mulher está, com a mesma forma física. Mas creio que comendo o que vocês comem, bebendo o que vocês bebem e fumando da maneira como estão fazendo, com sorte chegam aos 40 e se chegarem, não vão passar por aquela porta.

As duas olharam para mim, como duas desacordadas. Levaram aqueles quinze segundos para que seus destituídos cérebros captassem os sons captados por seus ouvidos. Aqueles quinze segundos que separam os seres humanos dos símios. E uma delas, a lacraia, que pelo que entendi era desquitada pela terceira vez, perguntou:

Tenho a impressão que você bebeu e está nos ofendendo.

Sorri e mesmo já devidamente controlado pela Cristina, retruquei:

Não bebi nada. Você sim bebeu, por isto tem ainda esta impressão. Se estivesse sóbria teria certeza absoluta.

O marido da outra, sorriu e me fez um sinal positivo. Imagina o peso da mala que aquela mulher deveria ser para ele?

Uma coisa é certa, a Cristina não vai deixar cair em outra.

No dia seguinte o dono da casa me encontra na praia e pergunta:

O que você achou da festa?

Ao que respondi:

Não tenho opinião ainda formada.

O que poderia responder? Que a sopa estava uma merda, o macarrão incomível”  e que ele convidara um bando de descerebrados congênitos? 

And the winner is... aquele que assistiu em casa comendo pipoca.